Viver
Palavra de Honra | “Já não há paciência para a ditadura das minorias”
David Barreirinhas, padre
Já não há paciência... para a ditadura das minorias… Acredito que o respeito mútuo é vital para a convivência pacífica… preocupa-me que a imposição de um padrão estrito de linguagem e comportamento, em nome do politicamente correcto… a questão agrava-se quando as mesmas minorias, que reivindicam liberdade para si são as primeiras a censurar aqueles que discordam delas.
Detesto... a ingratidão. Quando alguém é ingrato, despreza o esforço e o carinho que lhe foram dedicados, demonstra uma falta de respeito pela generosidade alheia.
A ideia... de uma política que semeia divisão, inimizade, uma política que é incapaz de um projecto comum, inclusivo, é uma política condenada ao fracasso.
Questiono-me se... devo ter medo da dúvida, da perplexidade, da incerteza. Mas, na realidade, a dúvida é uma forma de procura, é uma forma de desejar saber mais. E é a partir da dúvida que muitas vezes encontro a certeza...
Adoro... presenças que não sejam sufocantes, conversas que não ocupem inutilmente, presentes que não prendam...
Lembro-me tantas vezes... dos meus amigos, dos verdadeiros… daqueles que têm o jeito especial de me fazer sorrir. Que sabem tudo de mim, ou quase, perguntando pouco. Que conhecem o segredo das pequenas coisas que me deixam feliz. Que me incitam à coragem só com a sua presença. Que me surpreendem, de propósito, porque acham mal tanta rotina. Que me dão a ver um outro lado das coisas, um lado fantástico, diga-se. Que discordam de mim permanecendo comigo.
Tenho saudades... do meu pai, dos meus avós, muitas… vivo essas saudades, na certeza de que sou a eternidade do meu pai, dos meus avós, porque os prolongo, porque sou um bocado deles, sou a sua evocação, sou fruto deles… Como filho, como neto, olho e percebo os testemunhos que eles foram, as lições que eles me deram.
O medo que tive… no confronto diário com a morte nos Cuidados Paliativos do IPO de Coimbra, na iminência da morte do meu pai no Verão de 2016.
Sinto vergonha alheia... quando confrontado com os naufrágios dos barcos de refugiados no Mediterrâneo, que constituem uma mancha na história e memória da Europa.
O futuro... olhar sempre o que está para além de mim, que atravessa os limites de uma vida já delineada, que transcenda o perímetro das minhas preocupações, que se projecta além do que consigo ver sozinho, porque a vida não se resolve apenas no que consigo fazer, mas no diálogo misterioso entre a minha dimensão e a escala mais ampla que é a própria vida; na interacção entre o aqui e o agora e o que é da ordem do eterno.
Se eu encontrar... a receita para a paz, prometo partilhá-la… mas deixo já uma dica profética: transformar as nossas quotidianas armas de guerra em relhas de arado…
Prometo... agir em defesa das crianças e dos seus direitos de crescer emocionalmente saudáveis, no seio das famílias e em todos os lugares.
Tenho orgulho... nas minhas raízes porque elas nunca me deixam esquecer quem sou, preservando a essência e a autenticidade da minha pessoa, independentemente das mudanças e desafios que a vida me possa trazer.