Sociedade
PCP adverte para impacto da saída da rodoviária de Leiria do centro da cidade
Eurodeputados comunistas em jornada de trabalho no distrito para ouvir as preocupações de comerciantes, trabalhadores e população.
O objectivo era "ouvir de viva voz" as preocupações da população da região. E foi isso que, durante dois dias, fizeram os eurodeputados do PCP de visita ao distrito. De passagem por Leiria, João Pimenta Lopes ouviu, entre outras, as preocupações de comerciantes, estudantes e cidadãos sobre os impactos da deslocalização do terminal rodoviário do centro da cidade para a zona desportiva e sobre a "degradação e fraca oferta" dos transportes públicos.
"Uma das questões que praticamente todos colocaram é o problema que vai resultar da transferência da rodoviária", revelou João Pimenta Lopes, antevendo que a retirada de uma infra-estrutura que "traz milhares de pessoas" ao centro da cidade vai "inevitavelmente ter um impacto sobre o comércio". Mas, frisa, o afastamento deste serviço da zona central de Leiria não prejudica apenas os lojistas, mas também a "população em geral, incluindo os estudantes".
No périplo que fez pela cidade, o eurodeputado apercebeu-se também da apreensão dos comerciantes pela instalação de novas superfícies comerciais de "grande dimensão". "Há muitos encher a boca com a defesa do comércio tradicional, mas, quando podem usar ferramentas e instrumentos para intervir, valorizando e dinamizado os centros da cidade, não o fazem", lamentou.
A área da saúde, com destaque para a falta de médicos e de enfermeiros no hospital e nos centros de saúde, foi outra das preocupações constatadas pelos eurodeputados do PCP, que alertam, por exemplo, para a "redução da oferta dos cuidados de saúde primários e a "sobrecarga que daí resulta sobre o sistema hospitalar".
"O Governo insiste em não mobilizar os meios necessários para a saúde, nem sequer aqueles que estão orçamentados. Basta dizer 40% do Orçamento do Estado para a saúde segue direitinho para os bolsos da das empresas do negócio da doença que pululam por todo o lado e também no distrito de Leiria", acusou João Pimenta Lopes, que, nesta visita ao distrito, esteve acompanhado por Sandra Pereira, a outra eurodeputada do PCP.
O representante comunista no Parlamento Europeu chamou ainda a atenção para a necessidade de apoio às empresas no processo de transição energética e de redução de emissões. "Há neste distrito um conjunto de indústria 'pesada' do ponto de vista do impacto ambiental que não pode ser deixada à mão ou levar um caminho como aquele que levou ao encerramento da refinaria de Matosinhos e da a Central do Pego", defendeu.
O aumento do custo de vida, os baixos salários, a intensificação dos ritmos de trabalho, a precariedade laboral foram outros dos problemas que ressaltara do contacto directo dos eurodeputados com trabalhadores e população do distrito. Segundo João Pimenta Lopes, este périplo que serviu também para reafirmar algumas das propostas do partido, como o aumento geral de salários, a fixação de preços máximos de bens e serviços essenciais e a taxação dos lucros "obscenos" das grandes empresas.