Sociedade
Pedrógão Grande: O que mudou? “Está tudo na mesma. É uma zona empobrecida”
Moradores dizem que faltam novas dinâmicas capazes de reanimar o território.
São várias as vozes que associam os fogos florestais ao abandono do interior e que ligam a reconstrução ao objectivo de encontrar novas dinâmicas para territórios penalizados pela escassez de oportunidades e emprego, perda de população e baixo investimento.
Um ano depois, o que mudou? Além das obras nas habitações permanentes, das empresas que retomaram actividade, das infraestruturas repostas, do verde que lentamente regressa aos solos, viver hoje nos concelhos de Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera é diferente do que era nos dias anteriores ao grande incêndio de 17 de Junho? “Está tudo na mesma”, “está tudo igual”, são respostas que se ouvem com frequência.
Entre outros, ecoam na voz do presidente da Junta de Freguesia de Vila Facaia, José Henriques, que identifica os mesmo problemas relacionados com a desertificação do interior norte do distrito de Leiria, na revolta de Henrique Santos, morador em Figueiró dos Vinhos, que perdeu uma casa da família em Vale da Lameira, e no diagnóstico de João Ângelo, vice-presidente da Associação de Familiares das Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande, que lembra os problemas decorrentes do atraso na recuperação de segundas habitações atingidas pelo fogo: "É uma zona empobrecida, muitos emigraram, outros estão a viver na capital, vinham ao fim-de-semana e a economia mexia, mas agora não se vê. Não sei como vai ser".