Sociedade
Profissionais de educação voltam a fazer-se ouvir em Leiria e exigem respeito
Manifestação junto à Fonte de Luminosa reuniu docentes de diferentes agrupamentos da região
Um grupo de profissionais de educação voltou a manifestar-se hoje em Leiria, a pedir respeito, menos burocracia e a contagem do tempo de trabalho cumprido para progressão na carreira. Os professores estão ainda contra os novos quadros pedagógicos e a possibilidade dos docentes, que não têm horário completo, serem colocados em diferentes agrupamentos da zona.
Com cartazes, apitos, megafones e faixas de protesto, os docentes gritaram "Leiria, escuta, a escola está em luta". Uma das professoras de 1.º ciclo presentes na manifestação desabafou ao JORNAL DE LEIRIA que abdica do seu tempo pessoal para preparar aulas e dedicar-se aos seus alunos, falando com pais e respondendo a e-mails.
Além disso, todo o trabalho burocrático é também muitas vezes feito ao fim-de-semana. "As horas não esticam. Se ficássemos na escola apenas as duas horas não lectivas que nos são atribuídas e não levássemos trabalho para casa não teríamos tempo para preparar aulas ou fazer relatórios", constata a docente.
"Nós também temos família, filhos, e vamos para casa preparar as aulas, que não é algo que seja rápido de fazer. Passo tempo à procura de vídeos, que por vezes têm de ser traduzidos, ou de materiais que tornem as aulas motivadoras e criativas para os alunos", sublinha.
A professora gostaria também de ter a "compreensão" dos pais para a luta que estão a travar, lembrando que os docentes dão tudo pelos seus alunos. "A escola não é um depósito de crianças. Os pais não podem ficar satisfeitos com os serviços mínimos, quando ficam duas auxiliares para mais de 90 alunos."
Segundo a docente, é "injusto" que haja professores com menos anos de carreira a passar à frente na progressão de quem está há mais tempo no ensino. "Obrigam-nos a ter acções de formação, que são dadas fora do nosso horário de trabalho e muitas vezes pagas por nós, para poder progredir na carreira e depois não nos deixam progredir com as quotas e com a não contabilização do tempo de serviço", frisa.
"Não estamos a pedir retroactivos. Estamos a pedir para contarem o tempo que trabalhámos para a nossa progressão na carreira."
Outra docente critica a possibilidade de serem os directores a colocarem os docentes nas escolas que entenderem, quando não têm o horário completo.
"Estive 15 anos na Madeira, no ano em que ia efectivar, o director abriu vaga depois do dia 1 de Setembro e tive de voltar tudo para trás. É injusto", lamenta outra professora natural de Viseu, agora colocada na Marinha Grande.