Opinião
Pussy riot
Na mesma década em que os lugares de topo e de decisão ainda são quase exclusivamente reservados aos homens, e quando não o são é porque as quotas a isso obrigam.
Estamos a oito dias de mais um 8 de Março, e parece que continuamos no mesmo lugar. No mesmo lugar onde ainda morrem mulheres às mãos dos homens que lhes são ou foram mais próximos.
No mesmo dia em que ainda se “valoriza” o papel da mulher na sociedade dando-lhe uma florzinha e dizendo-lhe o quanto se precisa dela bela, recatada e do lar para que a vida corra bem.
No mesmo ano em que as mulheres começam a “trabalhar para aquecer” no dia 3 de Novembro face ao ano real em que o seu par masculino recebe até ao fim a fazer o mesmo.
Na mesma década em que os lugares de topo e de decisão ainda são quase exclusivamente reservados aos homens, e quando não o são é porque as quotas a isso obrigam.
No mesmo século em que juízes portugueses ainda citam a bíblia e o código penal de 1886 para fundamentar acórdãos que justificam o perdão ao corno ofendido.
Neste 8 de Março não queremos flores, queremos solidariedade!
Não queremos antagonizar os homens, queremos que eles se juntem a nós para - sim! - escutar.
Escutar a greve feminista, que não é uma birra, um histerismo, uma moda, um exagero, mas antes um direito e, acima de tudo, uma necessidade.
O mundo tem de parar, para pensar, escutar e agir.
É urgente formar melhor as forças policiais e judiciais para que saibam lidar com o drama da violência doméstica.
É urgente ensinar os nossos filhos a não objectificar e agredir as mulheres, e as nossas filhas a ver para além do cor-de-rosa.
Temos de falar com os rapazes cuja única noção de sexo que têm é aprendida a ver pornografia e com as raparigas cuja única noção de amor é a dos filmes das princesas da Disney. E tantas outras coisas de que é urgente falar!
Se não estamos
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