Economia
Reabilitação energética pode ser saída para a construção diz Aricop
Aniversário da Associação Regional dos Industriais de Construção e Obras Públicas de Leiria e Ourém
O jantar de celebração do 46.º aniversário da Aricop - Associação Regional dos Industriais de Construção e Obras Públicas de Leiria e Ourém foi rico em avisos ao sector para os desafios que o próximo ano deverá trazer.
Foi o presidente da Aricop, José Luís Sismeiro, que, durante a sua intervenção, após fazer um balanço à situação actual, enunciou as prováveis dificuldades e algumas saídas a considerar.
O responsável sublinhou que, no âmbito do Produto Interno Bruto, o sector da construção cresceu 4,3%, em 2021, valor que deverá situar-se acima dos 4%, em 2022, caso se mantenha a conjuntura favorável no mercado”.
José Luís Sismeiro adiantou que o segmento da engenharia civil deverá crescer “acima de 6%, reflectindo o bom momento do mercado de obras públicas”.
Este sector, em específico, assinalou, nos últimos três anos, um crescimento “enquanto área fundamental para a recuperação económica”, porém, no futuro, o cenário não deverá ser tão positivo, marcado pela guerra na Ucrânia e pela crise que mergulha o mundo da construção e obras públicas, “num oceano de incertezas”.
“A guerra veio destapar o calcanhar de Aquiles da Europa Ocidental, a sua exagerada dependência energética. A par dos custos descontrolados do gás, teme-se que haja interrupções nas cadeias de abastecimento, fazendo prever abrandamentos nas actividades das empresas o que, associado a uma acentuada subida dos preços de outras matérias-primas provoca grande instabilidade nos mercados”, afirmou.
O próximo ano deverá trazer um aumento das dificuldades para as famílias e empresas, desemprego e incumprimentos no crédito à habitação.
Já o sector das obras públicas, que, perante o agravamento dos custos com materiais, com mão-de-obra e equipamentos, foi confrontado com o risco de abandono de obras cuja conclusão é obrigatória, para não desperdiçar os apoios comunitários, teve um alívio quando o Governo criou um regime excepcional e temporário de revi- são dos valores de empreitadas.
Isto permitiu mitigar o problema, mas o mesmo não aconteceu nos contratos de obras particulares, onde não existem mecanismos de revisão de preços.
“Não nos parece sustentável que seja o empreiteiro a assumir os sobrecustos da construção, transferindo para o cliente final o benefício da sobrevalorização do imóvel por força da inflação”, referiu José Luís Sismeiro, avisando de consequências para o crescimento da indústria da construção e obras públicas.
Apesar do cenário sombrio, o empresário vê oportunidades para o sector, provocados pelas alterações climáticas e pela crise energética.
“O consumo energético nas habitações, nunca foi tão escrutinado. Nunca se valorizou tanto as habitações com baixo consumo energético. A reabilitação energética do parque habitacional mais antigo deve ser um alvo privilegiado das medidas de apoio à eficiência energética”, reivindicou.