Sociedade
Região de Leiria quer medidas excepcionais e intervenções rápidas
No concelho de Leiria, nos últimos três anos, foram gastos 1,7 milhões de euros na gestão de faixas de combustível, reconhecendo que nos incêndios de Julho o que se conseguiu “foi evitar mortes”
O presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL), Gonçalo Lopes, defendeu hoje “medidas excepcionais e intervenções rápidas” na sequência dos incêndios que têm afectado a região.
“Temos, actualmente, estimado cerca de 12.500 hectares [ardidos], que representam 30% da área ardida até ao momento, que anda à volta dos 42.000. A nossa região - se incluirmos Ourém [distrito de Santarém] ainda aumenta mais esta área - viveu neste período um momento crítico que obriga a medidas excepcionais e intervenções rápidas, feitas em rede e em colaboração com as autarquias, agentes de protecção civil, juntas de freguesia, muito em especial também o Estado português”, afirmou Gonçalo Lopes.
O autarca prestava declarações aos jornalistas após uma reunião, em Pombal, onde esteve o secretário de Estado do Ambiente e Florestas, João Paulo Catarino, o presidente do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), Nuno Banza, e autarcas de municípios das regiões Centro e de Lisboa e Vale do Tejo, além de Oliveira de Azeméis (região Norte), cujos concelhos foram afetados este ano por incêndios onde arderam mais de 500 hectares.
No encontro estiveram ainda autarcas de outros concelhos da CIMRL.
Gonçalo Lopes, também presidente da Câmara de Leiria, salientou que as medidas imediatas “são muito importantes”, referindo que após esta “onda de calor irão existir, seguramente, momentos de chuva que serão, extremamente, dramáticos para estes territórios onde existiram incêndios”.
Ao ICNF, o presidente da CIMRL pediu “uma rapidez muito grande” nos relatórios, “para que se possa definir estratégias para prevenir o inverno”.
Já ao secretário de Estado, foi pedido, “para que, no regresso das férias da Assembleia da República, os senhores deputados e os partidos possam refletir uma nova lei no que diz respeito à gestão do banco de terras, porque a floresta só poderá estar organizada quando tivermos uma pequena noção dos seus proprietários e tiverem poder para intervir, sobretudo nos terrenos que estão ao abandono”, adiantou.
O autarca admitiu, por outro lado, que os territórios afectados com estes incêndios, em particular o da Região de Leiria, merecem “também uma resposta supramunicipal”, explicando que é intenção da CIMRL “avaliar e candidatar-se” para que a área possa ser reflorestada, com uma estratégia onde os municípios e Comunidade Intermunicipal “terão um papel importante”.
O presidente da Câmara adiantou que, no concelho de Leiria, nos últimos três anos, foram gastos 1,7 milhões de euros na gestão de faixas de combustível, reconhecendo que nos incêndios de Julho o que se conseguiu “foi evitar mortes”, e incêndios de casas e de outros edifícios.
“Não conseguimos foi apagar o incêndio na floresta”, declarou, destacando que “a floresta tem de dar um passo muito rápido na sua organização”, eventualmente com “medidas mais musculadas” para maior rapidez na política florestal.
Já o presidente da Câmara de Pombal, Pedro Pimpão, referiu que a reunião se centrou na componente ambiental e florestal, frisando que o que se pretende é que as medidas “cheguem, efectivamente, ao terreno”.
“Esse é o nosso grau de compromisso, autarcas, ICNF, Secretaria de Estado, APA [Agência Portuguesa de Ambiente] no sentido de começarmos já a trabalhar para que essas medidas sejam concretizadas”, acrescentou, alertando que o território “precisa de medidas eficazes já”, mas também de medidas estruturais, com “impacto a médio e longo prazos”.
Fazem parte da CIMRL os municípios de Alvaiázere, Ansião, Batalha, Castanheira de Pera, Leiria, Figueiró dos Vinhos, Marinha Grande, Pedrógão Grande, Pombal e Porto de Mós.
Alvaiázere, Ansião, Leiria e Pombal foram os concelhos mais afectados pelos incêndios em Julho.