Viver
Ricardo Jerónimo: “começámos do zero mas já temos percurso, lastro e experiência”
O músico dos Birds are Indie abre o seu coração, fala do crescimento da banda, e anuncia o que vamos ouvir no concerto do dia 1, n'O Nariz, em Leiria
Em 2016, os Birds are Indie lançaram o CD Let's pretende the World has stopped,o vosso quarto álbum de originais. Como está a correr esse "faz-de-conta" até agora?
Todo o nosso percurso tem sido uma espécie de faz-deconta. Não que estejamos a fingir ou a enganar, mas vamos ao sabor das coisas que nos vão acontecendo. Este disco em concreto tem corrido bastante bem e temos feito vários concertos por Portugal e Espanha e a música tem passado na rádio. As pessoas têm gostado e demonstramno nas redes sociais e após os concertos. Interessam-se pelo disco e querem levá-lo para casa. Claro que nós estamos satisfeitos por poder tocar este trabalho ao vivo. Além disso, é sempre bom tocar músicas antigas, que sentimos que são amigos de longa data, e que já tenham uma certa história. Por vezes, até vamos mudando esses temas, à medida que os vamos repescando. Obviamente, é bom tocar músicas novas e estarmos naquele risco de irmos apalpando o terreno, vendo a reacção do público.
O que mudou nos Birds are Indie depois de How Music fits our silence, o vosso primeiro álbum longa duração? Continuam a ir para os concertos no carro da Joana Corker e a ter de escolher apenas os instrumentos que lá cabem?
Os nossos primeiros EP também tiveram edições físicas feitas em casa e ainda andámos na estrada com esses primeiros discos. How Music fits our silence já foi feito em fábrica, pensado de uma outra forma e este é o terceiro pensado dentro dessa lógica. Continuamos a ir nosso carro, embora, recentemente, tenhamos mudado para um que é um bocadinho maior...
Há mais espaço para o “terceiro Bird”, o Henrique Toscano?
Ele também viajou bastante no carro antigo. Incrivelmente, cabíamos lá os três, acompanhados dos instrumentos. De facto, como fomos juntando mais e mais instrumentos e o carro estava a ficar velhote, arranjámos outro e agora temos mais algum espaço. Mas não é muito mais. Desde os primeiro tempos, passámos a ter mais instrumentos porque a Joana e o Henrique foram aprendendo a tocar outras coisas, durante este anos. Ele também toca bateria, xilofone, teclados e a ela começou a aventurar-se nos teclados e na bateria. Isso é uma das coisas que mudou bastante ao vivo e no disco, desde o álbum anterior. Houve uma evolução contínua e sem mudanças bruscas. Sentimo-nos confortáveis assim, fazendo as coisas naturalmente e deixando espaço para elas acontecerem. A Joana tocava apenas pandeireta e um tambor. Depois começou a cantar e a tocar. O nosso processo criativo também funciona por desafios. Ensaiamos e tentamos mudar o modo como tocamos determinado tema. Nunca se acerta à primeira.
Os vossos temas abordam muito a alegria, alguma melancolia e o passar do tempo. Falam também dos episódios de cada dia, das histórias que vos acontecem, como o dia em que a Joana deixou o emprego para ir formar a banda.
Fazemos música pop, simples. Não é uma criação poética, com grandes objectivos de vanguarda artística. É a nossa vida e a nossa simplicidade. Na verdade, quando a Joana largou a empresa, a banda já existia. O tema Love is not enough, que conta essa história, está no nosso segundo disco. Ela despediu-se desse emprego quando estávamos a compor e a gravar esse trabalho e a música ficou indelevelmente ligada ao episódio.
No dia 1, às 22 horas, no âmbito do Festival Acaso, numa organização da Preguiça Associação Criativa, vão tocar na sede d'Espaço O Nariz - Recreio dos Artistas. Vão apresentar o novo álbum e algumas das música que já são velhos amigos?
Normalmente, tentamos sempre fazer um concerto com metade de temas novos e cerca de metade de outros conhecidos e mais antigos. O espectáculo em Leiria vai ser uma mescla da nossa discografia. Já não tocamos em Leiria há imenso tempo e ainda não tivemos a oportunidade de mostrar ao público da cidade o Let's pretend the World has stopped. Temos também o vinil que queremos mostrar e se alguém o quiser levar para casa, ainda melhor!
Canções delicodoces da vida real
Em Leiria, no dia 1 de Outubro
Os Birds are Indie nascerem em Coimbra, em 2010, alimentados pela paixão de Ricardo Jerónimo e Joana Corker. Mais tarde, juntou-se-lhes Henrique Toscano, e, juntos, cantam e tocam sobre temas como o amor, a alegria, a tristeza e os episódios do dia-a-dia. Em Coimbra, um amigo desafiou-os para gravar um disco numa netlabel.
Seguiram-se dois EP, Life is Long (2010) e Ok, It's Christmas (2011). How Music fits our Silence, foi o primeiro LP. A música dos Birds are Indie junta o folk e o registo happy sad pop, e, no mais recente trabalho, Let’s Pretend The World Has Stopped, o trio da cidade do Mondego atreve-se a revelar-nos que, por vezes, o mundo se move depressa demais e que é preciso parar e escutar.
No dia 1 de Outubro, às 22 horas, passam pel’O Nariz, em Leiria para mais um encontro com o público local, no âmbito do Festival Acaso.
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