Desporto
Sitiado num mar em turbilhão para filmar as surfadas mais arrepiantes
Os melhores desafiam as ondas gigantes com manobras cada vez mais extremas. Num jetski instalado no meio das vagas, o nazareno Luís de Sá imortaliza as imagens. O melhor é ver o vídeo
“Temos uma oportunidade de trabalho e vamos. Saímos com o jetski e nem há que pensar muito, porque se vamos ver as ondas ou se ouvimos as pessoas a falar, se já alguma coisa aconteceu ou se uma mota já virou, começa tudo a pesar na decisão. Porque todos sabemos que é um grande perigo, mas também é fazer o que mais gostamos.”
Luís de Sá, ou Ben, é o homem por detrás de muitas das imagens do Evereste em forma de onda que deixam todos extasiados. Parte do porto de abrigo para o mar revolto da Praia do Norte com o objectivo único de captar momentos eternos.
Aqueles surfistas vão à procura da mítica onda dos 30 metros e ele mete-se lá no meio, à espera de os captar s descer verdadeiros arranha-céus feitos de água salgada.”
Como muitos os miúdos da Nazaré, quase todos, Ben faz bodyboard desde os nove anos e sempre gostou de filmar e ser filmado, de fazer vídeos e, orgulhoso, olhar para eles. Depois, há coisa de uma década, quando a vila ainda não era um manancial de oportunidades de trabalho, sentiu-se impelido a ir para os Fuzileiros.
Começou por gostar, mas percebeu que não era para ele e magicou o que faria quando saísse de lá. Um dia, um amigo chegou ao pé dele elogiando-lhe os vídeos de surf que fazia e convidou-o a fazer uma película relativa ao ginásio de que era proprietário.
“Quanto é que levas?” E aí deu-se o clique. Ben percebeu que podia fazer vida daquilo que tanto gostava. Ainda por cima, na sua Nazaré.
Foi crescendo, ganhando experiência, até que, em Outubro passado, na maior ondulação da história, no dia de todos os recordes, ele estava lá dentro, no meio do furacão, conduzido por Dino Carmo.
Tinha passado os dois últimos anos no regime de tentativa e erro, mas falhava sempre qualquer coisa. Primeiro, nem se tinha lembrado de que era preciso um spotter (observador), depois, a máquina não era a ideal e nem sequer tinha uma caixa estanque adequada. Finalmente, o que faltava era mesmo experiência.
Acreditava que estavam finalmente reunidas finalmente as condições para fazer um trabalho de que se orgulhasse.
“Foi o primeiro ano em que fiquei satisfeito com o trabalho. Estava no sítio certo, sabia o que tinha de fazer: acalmar-me em frente a onda, com a câmara estável e a caixa estanque sem gotas. Ver a exposição e estar em foco manual.” Era ele, ali, naquele momento que tinha tudo para entrar na história.
“Falo isso com o Dino, que nunca precisamos de estar nessa situação. Podemos estar confortáveis e mais vale perder uma onda do que a surfada toda, porque se vamos para o inside e viramos o jetski acabamos por perder muito tempo. Tentamos ser inteligentes, jogar pelo seguro, posicionar-nos bem, mas mesmo assim acabamos por estar em situações delicadas”, diz Ben.
Em Supertubos, a praia das ondas perfeitas de Peniche, o cinematógrafo capta imagens com o corpo mergulhado nas águas, mas na Praia do Norte tal “é impossível” em dias de vagas gigantes.
“É de jetski, agarrado com unhas e dentes e com um spotter no farol. Aquilo é uma massa de água gigante, toda a mexer, uma coisa louca, por isso não posso saltar da mota, seria demasiado perigoso. É muita energia. Lá dentro é surreal.”
Por isso mesmo, Luís de Sá respeita cada vez mais os surfistas que dão o corpo ao manifesto. Em 2019, o acidente de Pedro Scooby que se tornou viral aconteceu a “três, quatro metros” do local onde captava as imagens.
“Muitas vezes estamos ali, no canal, e começamos a gritar a puxar com eles. O que mais me impressiona é estar sempre à procura de uma zona segura o mais perto possível dos surfistas, mas eles são puxados por um cabo para entr
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