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Sousa Lopes pintou a guerra a partir das trincheiras. Exposição com 18 obras é inaugurada hoje em Leiria
Iniciativa no âmbito das Comemorações do Centenário do Núcleo de Leiria da Liga dos Combatentes
“Artista enviado para a frente de batalha, em 1917, Sousa Lopes capta a dramaticidade da participação portuguesa na Primeira Guerra Mundial, numa situação comum a artistas de outras nacionalidades, traduzindo, através da imagem, as ideias de heroicidade e de patriotismo ligadas a um desejo de registo da violenta e surpreendente “espectacularidade” da guerra”, lê-se num texto de Maria Aires Silveira disponibilizado pelo Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC) do Chiado.
Adriano Sousa Lopes nasceu no Vidigal, Leiria, em 1879, vindo a falecer em Lisboa, no ano de 1944. É já um pintor reconhecido quando parte para França como oficial-artista do Corpo Expedicionário Português – o único que Portugal teve, segundo se lê no site do MNAC – com a missão de documentar a participação portuguesa na frente ocidental, que transporta para águas-fortes e pinturas monumentais.
“O historial emotivo destas crónicas de guerra, registadas em pintura, desenho e gravura, revela expressivas despedidas de soldados, mães chorosas, marchas fatigantes, refeições de rancho, mas, essencialmente, bombardeamentos, cenários de mortes e cemitérios”, detalha Maria Aires Silveira. “Estes dramáticos instantâneos de Sousa Lopes, captados no local, foram posteriormente desenvolvidos e aprofundados, cerca de 1918, num casarão de Boulevard Victor, na periferia de Paris”.
A exposição Sousa Lopes – O Pintor das Trincheiras é inaugurada hoje (sábado, 23 de Setembro) no Banco das Artes Galeria (BAG), em Leiria, pelas 16 horas.
Abrange 18 obras, provenientes do acervo do Museu Militar e do Museu de Leiria, que as cederam até 15 de Outubro.
A iniciativa decorre no âmbito das Comemorações do Centenário do Núcleo de Leiria da Liga dos Combatentes. Resulta de uma parceria entre o Município de Leiria, o Museu Militar e o Núcleo de Leiria da Liga dos Combatentes, com curadoria de Adélio Amaro.
Numa nota de divulgação, o BAG realça que após uma fase modernista, Sousa Lopes dedicou um período da sua vida ao desenho e águas-fortes que retratam as trincheiras da Primeira Guerra Mundial, assim como a Batalha da Flandres.
Das obras que vão estar em exposição, a maioria datam de 1918 e 1919.