Economia
Suinicultores vão castrar porcos para diferenciar carne e dar-lhe qualidade de "excelência"
Este processo irá atribuir uma "diferenciação maior na parte alimentar
Os suinicultores vão castrar os porcos machos para diferenciar carne portuguesa e dar-lhe uma qualidade de excelência, disse o porta-voz do Gabinete de Crise dos Suinicultores, João Correia, no final de um seminário realizado no sábado, na Nerlei, em Leiria.
"Vamos iniciar um projecto que vai diferenciar a carne na parte do sabor. Ou seja, queremos que a carne tenha um patamar de excelência, que começa, por exemplo, por não ter odor nem sabor sexual. Este processo inicia-se com a castração dos machos", adiantou João Correia.
Segundo o suinicultor, este processo irá atribuir uma "diferenciação maior na parte alimentar". "Passamos a ter uma carne com uma gordura intramuscular que não lhe dá o sabor a gordura, logo não a torna enjoativa."
João Correia explicou que "Portugal não tem como tradição ter o macho castrado. Neste momento entendemos que é um factor grande de diferenciação para o porco que é produzido em Espanha. Não queremos que a carne seja só carne, mas que seja uma carne de excelência e que o processo de castração faça a diferença ainda mais na prateleira", sublinhou.
"A nossa carne já tem qualidade, mas queremos passá-la para um patamar de excelência que o consumidor quando a provar se sinta guloso pela sua palatibilidade, de modo a que não coma carne de porco apenas uma ou duas vezes por semana, mas que tenha necessidade no seu gosto em continuar a consumir esta carne mais vezes", acrescentou.
Referindo que numa fase inicial os suinicultores poderão ter de suportar alguns custos "inerentes ao processo", João Correia admitiu que esta excelência poderá "aumentar um pouco o custo da carne", mas "não será muito maior".
Os suinicultores vão ainda avançar com os projectos porco.pt e porco.pt.come. "Este label será introduzido em qualquer das marcas de toda a fileira que aderirem a este projecto" e "terão que respeitar um caderno de encargos que garante a diferenciação".
Considerando que a crise deixou um "buraco financeiro demasiadamente grande", João Correia alertou uma vez mais para a necessidade de abrir mais mercados. "Se conseguirmos em termos governamentais abrir as tais fronteiras, nomeadamente o processo da China, que falta assinar alguns protocolos, garantidamente, é mais uma medida para que consigamos escoar o produto."
"Precisamos de aumentar claramente os pontos de venda do nosso mercado. Embora sejamos produtores apenas de cerca de 55 a 60% das necessidades do país, há produtos de porco que não são vendidos em Portugal e que são muito valorizados, nomeadamente, nos mercados da China e do Japão. É essa a alavancagem necessária para trazer mais algum retorno económico para a indústria e produção portuguesas", rematou.