Sociedade
Tentar fintar a esclerose múltipla com “uma boa dose de optimismo”
Diagnosticado desde os 34 anos, Hélder Fernandes procura manter-se o mais activo possível.
O primeiro sinal – sabe-o hoje – surgiu há quase 20 anos. Acordou “sem ver nada” de um dos olhos. Consultou um oftalmologistas, mas, entre exames, a visão normalizou e o assunto foi esquecido até que apareceram os primeiros surtos. A vista a tremer, a dormência dos membros superiores e inferiores e movimentos “involuntários” do braço e da mão.
Hélder Fernandes tem 46 anos e há 12 viu-lhe confirmado o diagnóstico de esclerose múltipla, uma patologia degenerativa que afecta entre seis a oito mil portugueses.
“Nunca tinha ouvido falar da doença” até aquele dia em que, após uma bateria de exames, o neurologista lhe confirmou as suspeitas do médico de clínica geral que tinha consultado, após “sucessivos” surtos.
“Um dos episódios aconteceu durante uma consulta”, conta Hélder Fernandes, antigo electricista reformado desde final de 2010. Nos primeiros anos, ainda conseguiu manter-se a trabalhar. “Como era chefe de pessoal, podia fazer algumas pausas e descansar. Mas, em contrapartida, o stressassociado à função, fez-me muito mal”, reconhece.
A esclerose múltipla é uma doença “crónica, inflamatória e degenerativa”, que afecta o sistema nervoso central. Surge, normalmente, “entre os 20 e os 40 anos de idade, mas, pode também aparecer em “crianças e idosos”, refere a Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM).
Os sintomas “variam muito”, mas, entre os mais comuns, está a fadiga e perda de força muscular nos braços e pernas. No caso de Hélder, a doença afectou-lhe, sobretudo, a locomoção, com a perda de sensibilidade dos membros inferiores.
Numa das pernas usa uma tala, para manter o pé direito, e movimenta- se com a ajuda de uma bengala. “Já não passo sem estes apoios. Não consigo fazer 50 a 100 metros sem me sentar. Nos percursos maiores, só com cadeira de rodas”, conta.
Apesar das limitações, Hélder Fernandes, residente na Maceira, Leiria, procura fintar a doença, mantendo-se o mais activo possível. Já não pode jogar futebol ou futsal, como tanto gostava, mas faz natação, com a ajuda de umas barbatanas. “Não tenho forças nas pernas”, explica.
Continua a conduzir, com um carro adaptado, e é presença assídua nas actividades dinamizadas pela delegação de Leiria da SPEM. “Não nos podemos deixar vencer pela doença. Com uma boa dose de optimismo é mais fáci
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