Viver

Uma oportunidade rara em Leiria para ouvir instrumentos históricos que somam 400 anos

10 mar 2023 11:43

Primeiro Ciclo de Orgão de Leiria oferece três concertos gratuitos

uma-oportunidade-rara-em-leiria-para-ouvir-instrumentos-historicos-que-somam-400-anos
O harmónio de arte Mustel de 1909 que vai ser utilizado em concerto neste sábado
DR

É o grande órgão da cidade e, durante anos, o órgão de tubos da Sé de Leiria, adquirido em 1997, foi “o maior órgão entre Lisboa e Porto”, assinala Rute Martins, da organização do primeiro Ciclo de Orgão de Leiria.

A iniciativa do Orfeão de Leiria, segundo Rute Martins, visa “dar a conhecer o património histórico” que existe em Leiria e significa a oportunidade rara de ouvir em concerto instrumentos musicais com fins litúrgicos que não costumam ser tocados em contexto artístico.

É o caso do órgão da Sé de Leiria, mas, também, do órgão de tubos do Santuário de Nossa Senhora da Encarnação, que data de 1813.

No primeiro Ciclo de Órgão de Leiria, há ainda espaço para mais duas preciosidades: o órgão de tubos do Seminário Diocesano de Leiria (da década de 60 do século passado) e o harmónio de arte que se encontra na mesma instituição e que é de 1909.

Em conjunto, os quatro instumentos em destaque no primeiro Ciclo de Órgão de Leiria somam mais de 400 anos.

O programa começa nesta sexta-feira, 10 de Março, precisamente na Sé de Leiria, com o concerto Um Trio Que Canta, com início às 21:30 horas, pelo Liz Consort (Rute Martins, órgão; Carla Antunes, flauta transversal; e Gonçalo Pereira, fagote).

Amanhã, 11 de Março, também às 21:30 horas, o contratenor João Paulo Ferreira e o organista João Santos protagonizam o concerto Inspirando Ar, Expirando Música, na Igreja do Seminário Diocesano.

No domingo, 12 de Março, pelas 17 horas, o Santuário de Nossa Senhora da Encarnação recebe o concerto Música para Instrumentos de Tecla, por Samuel Monteiro (órgão) e Guilherme Faure (órgão), alunos da Universidade de Aveiro.

As três apresentações constituem uma viagem através de vários séculos de música.

O momento que está a ser preparado para este sábado, segundo João Santos, é “histórico por várias razões”. Desde logo, por se apresentar num âmbito artístico (ou seja, não litúrgico) o harmónio de arte Mustel datado de 1909 que existe no Seminário Diocesano de Leiria.

Em Leiria, acho que teríamos de recuar até ao início do século XX para encontrarmos a última referência a um concerto com um instrumento deste tipo”, que, também “a nível nacional é muito raro”, comenta João Santos . “Deve ser a primeira vez que aquele instrumento é apresentado em concerto desde que está em Leiria. É uma investigação que ainda falta fazer”.

Os harmónios de arte caíram em desuso com o aparecimento dos órgãos electrónicos, mas têm características peculiares, em que sobressaem a expressividade e a dinâmica, por permitirem aos músicos controlarem cada nota entre registos mais fortes ou mais suaves.

“É como se tivéssemos nos nossos dedos o poder de um arco de um violino ou de um sopro de um clarinete”, explica João Santos.

Todos os concertos têm entrada livre.

Nesta sexta-feira, o Liz Consort percorre os séculos XVII e XVIII com obras de J. Boismortier, J. S. Bach e G. Telemann; no sábado, o programa a apresentar por João Santos e João Paulo Ferreira segue um horizonte que vai desde o século XVII até à música popular brasileira, com composições de F. Schubert , G. Handel e A. Vivaldi, entre outros; e, no domingo, Samuel Monteiro e Guilherme Faure também vão tocar música dos séculos XVII e XVIII.

A próxima edição do Ciclo de Órgão de Leiria está já em perspectiva e, segundo Rute Martins, é objectivo do Orfeão de Leiria que seja “mais alargada e internacional”.