Sociedade
Vinte e cinco pessoas sinalizadas em situação de sem-abrigo em Leiria
Em Janeiro deste ano, estavam identificadas 20 pessoas em situação de sem-abrigo e no ano anterior 16.
Em Leiria, estão sinalizadas 25 pessoas em situação de sem-abrigo, o que representa um crescimento face a 2022 justificado com a insuficiência de respostas habitacionais a preços acessíveis e com o aumento de cidadãos com doença mental sem acompanhamento.
Segundo Ana Valentim, à data de terça-feira encontravam-se “sinalizadas 25 pessoas em situação de sem-abrigo”, 19 homens e seis mulheres.
Destas pessoas, 12 têm idades entre os 18 e 30 anos e oito dos 31 aos 50 anos. Há ainda quatro cidadãos nas mesmas circunstâncias com idades entre os 51 e 64 anos e um com idade superior a 65 anos.
Ana Valentim, que tem, entre outros, os pelouros do desenvolvimento social e da habitação, adiantou que a maioria destas pessoas (22) tem nacionalidade portuguesa, vivendo também na mesma situação cidadãos com nacionalidade brasileira, ucraniana e angolana.
“As pessoas em situação de sem-abrigo que se encontram em Leiria pernoitam em casas abandonadas na zona urbana, designadamente na cidade e em Marrazes, nomeadamente na Quinta de Santo António”, declarou.
Em Janeiro de 2022, foram identificadas 20 pessoas em situação de sem-abrigo em Leiria e no ano anterior 16.
Para a autarca, o aumento de pessoas em situação de sem-abrigo “está relacionado com a insuficiência de respostas habitacionais (habitações e/ou quartos) com preços acessíveis para pessoas que beneficiam de prestações sociais, na maioria inferiores ao IAS [Indexante dos Apoios Sociais]”.
Outro factor que Ana Valentim considera como “determinante para o incremento” de cidadãos em situação de sem-abrigo é o aumento de pessoas “com doença mental, com ausência ou insuficiência de acompanhamento especializado a nível psiquiátrico, psicológico e de terapia ocupacional”.
Questionada sobre o trabalho desenvolvido para estas pessoas, a vereadora referiu que o município promoveu a criação Núcleo de Planeamento, Intervenção Sem-abrigo (NPISA) de Leiria, em julho de 2020.
“O NPISA de Leiria integra 14 entidades, sete das quais constituem o núcleo executivo”, declarou, adiantando que este “reúne regularmente, analisando o fenómeno neste território, colocando o foco na pessoa como um todo e no seu contexto de vida, apostando na metodologia de intervenção e acompanhamento integrado, em articulação entre os diferentes serviços do setor social e público, apostando na intervenção planeada com base em diagnósticos atuais realizados localmente”.
Além do município, integram o NPISA o Centro Distrital da Segurança Social, Centro de Emprego de Leiria, Centro de Respostas Integradas de Leiria, Centro Hospitalar de Leiria, Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, InPulsar – Associação Para o Desenvolvimento Comunitário, Centro de Acolhimento de Leiria, Núcleo Distrital de Leiria da Rede Europeia Anti-Pobreza, Comunidade Vida e Paz, Polícia de Segurança Pública, Guarda Nacional Republicana e as uniões de freguesias de Leiria, Pousos, Barreira e Cortes, e de Marrazes e Barosa.
Ainda segundo Ana Valentim, a Câmara de Leiria prevê, a curto prazo, o “aumento da capacidade da resposta social ‘apartamentos partilhados’ e a criação de um Centro de Acolhimento de Emergência Social” com financiamento da Bolsa Nacional de Alojamento Urgente e Temporário.
O Município de Leiria é um dos financiadores do projecto Morada Certa – Leiria Housing First, dinamizado pela Inpulsar e que proporciona a 15 pessoas o acesso directo a uma habitação individualizada, estável e integrada a pessoas que se encontrem a viver em situação de sem-abrigo na cidade de Leiria.
“Trata-se de uma resposta inspirada no modelo ‘Housing First’ que garante, para além do acesso a uma habitação, um conjunto diversificado de serviços de suporte, flexíveis e individualizados”, acrescentou a autarca.