Opinião

A importância da empatia quando se perde alguém

8 dez 2023 11:08

O Ser Humano nasce biologicamente preparado para ser empático e, depois, essa experiência pode ser mais ou menos estimulada

Todos os anos faço questão de apresentar um pequeno filme de animação aos meus alunos que pretende abordar a importância das relações e da empatia entre pais e filhos e sobre o cuidado e a preocupação que devemos ter uns com os outros.

A curta-metragem, de 2010, pertence ao realizador tailandês Pou Chou e tem o nome “The lighthouse”. Pouco mais de sete minutos de imagem em movimento e que conseguiu ser premiada 27 vezes no ano do seu lançamento.

As crianças no meio da sua fragilidade e inocência conseguem sempre surpreender-me pela forma como reagem à mensagem deste filme. Muitas delas conseguem projetar-se no futuro e compreender a importância que devemos dar em vida aos nossos pais.

O Ser Humano nasce biologicamente preparado para ser empático e, depois, essa experiência pode ser mais ou menos estimulada. A empatia define-se como a capacidade humana de ver o humano no outro através da compreensão e da reflexão.

Uma escola que desenvolve as competências sócio-emocionais dos seus alunos será sempre uma escola que prepara melhor os pequenos cidadãos que serão futuros adultos com responsabilidades perante os outros. Adultos mais resilientes e com mais capacidade para lidar com os problemas que surgem ao longo da vida, prevenindo assim os problemas de saúde mental que atingem cada vez mais pessoas e onde a resposta médica ainda se encontrar muito aquém das reais necessidades.

Por exemplo, o problema da morte de um ente querido, que também é abordada no filme de animação de Pou Chou, é um momento de grande tumulto emocional que pode causar um impacto profundo na vida de uma pessoa.

Em muitos destes casos e dependendo do momento de vida em que a pessoa enlutada se encontra pode representar uma experiência com um elevado potencial patológico. Talvez por esta razão a escola também deva educar para a perda, ensinando os seus alunos a expressar os seus sentimentos e também na promoção de estratégias para ajudar aqueles que perderam alguém.

É importante termos a noção que os adultos órfãos também precisam de algum “colo” de outros adultos que naquele momento possam escutar e estar presentes. Mais empatia e mais ação num telefonema uma ou duas vezes por semana e utilizar menos frases “Liga-me, se precisares de falar”.

Se formarmos cidadãos mais empáticos estamos também a criar familiares e amigos que irão acolher as dores da pessoa em luto e possibilitar que ela possa viver as emoções fortes que estão presentes, sem vergonha ou medo.