Opinião

A tradição ainda é o que era

28 set 2017 00:00

A tradição ainda é o que era. Com o aproximar do dia das eleições, parte das pessoas de alguma forma envolvidas com as candidaturas perde a razão e deixa emergir os instintos mais primários.

Acusações de baixo nível, tentativa de descredibilização através da mentira, denuncias anónimas, troca de palavras com cheiro a azedo, entre outros mimos que pouco dignificam a política e só servem para afastar os eleitores.

Agora, com as redes sociais como aliadas, onde tudo se diz sem qualquer filtro e qualquer charlatão tem voz, os adeptos da politiquice têm terreno livre para vomitar as frustrações que vão acumulando nas suas vidas, onde, muitas vezes, não passam de uns pobres coitados.

A política, como actividade fulcral em qualquer democracia, que deveria ser exercida com a nobreza que caracteriza a sua essência, dispensa bem esses trauliteiros que mais não fazem do que a descredibilizar.

 

Vítor Marques abdicou dos seus pelouros na Câmara de Leiria há cerca de um ano alegando motivos pessoais, um argumento que tradicionalmente se invoca quando não se quer expor as verdadeiras razões.

Nada a dizer, havendo que respeitar a sua posição de não tornar público o que o levou a abdicar das responsabilidades que lhe foram confiadas pelo executivo liderado por Raul Castro, apesar da curiosidade que a sua decisão causou e de ser sabido, num meio relativamente restrito, que por trás da sua posição esteve um certo descontentamento quanto ao funcionamento interno da Câmara.

O que não era esperado, era que Vítor Marques viesse a público esclarecer os verdadeiros motivos do seu afastamento a poucos dias das eleições, aproveitando um momento sempre sensível para, como se costuma dizer, “pôr a boca no trombone”.

Fica no ar um cheirinho a vingança, que não abona muito a favor de uma pessoa reconhecida pela sua capacidade de gestão e pelo bom trabalho que vinha a desenvolver na autarquia.

 

O ciclo de debates autárquicos que o JORNAL DE LEIRIA promoveu em oito concelhos da região, em alguns casos em parceria com outros órgãos de comunicação locais, foi uma agradável surpresa ao nível da mobilização de público.

Auditórios cheios na Batalha, Marinha Grande, Leiria e Ourém, mais de 300 pessoas em Pombal, quase 600 em Porto de Mós, parecem mostrar um interesse por estas eleições diferente do registado no passado.

Num tempo em que as pessoas parecem cada vez mais afastadas da política e em que a abstenção atinge valores assustadores, é, sem dúvida, um sinal animador ver este nível de participação em iniciativas de âmbito político.

Esperemos que este entusiasmo se reflita numa maior afluência às urnas que permita baixar os níveis de abstenção, que nas últimas autárquicas andou, na generalidade dos concelhos, perto dos 50%.

Seria uma grande vitória para todos, independentemente dos votos que tivesse cada candidatura. Aproveitado a onda, o JORNAL DE LEIRIA deixa um apelo ao voto, seja em quem for.

*Director do JORNAL DE LEIRIA