Opinião
Apesar de todas as hesitações, parabéns!
Por uma vez, prevaleceu o mérito em detrimento do caciquismo partidário local.
Tendo exercido as funções de diretor, ao mais alto nível distrital em Leiria e Viseu, em dois institutos da Segurança Social, durante mais de dez anos consecutivos, ganhei, além de um conhecimento profundo, um afeto imenso por essas duas instituições, mais concretamente, o IGFSS, IP e o ISS, IP.
Por esse motivo, nada do que aconteça no universo da Segurança Social me será indiferente, como não são, nomeadamente, os vários erros cometidos pelos decisores políticos locais que, no meio de uma pandemia, forçaram a exoneração de uma diretora distrital, com mais de oito anos no lugar, tendo podido fazê-lo, tranquilamente, no término da comissão que ocorreu no final do ano passado.
“Das duas uma”, ou a exoneravam no final da comissão de serviço, ou, então, esperavam que a pandemia passasse, em vez de obrigarem a uma nomeação precária, em regime de Suplência, de alguém que, embora fosse uma grande profissional enquanto diretora da Unidade de Ação Social, não tinha perfil para exercer aquelas funções em condições tão adversas.
No meio desse inconcebível absurdo, conhecendo como conheço a pessoa sobre a qual recaiu nos ombros a obrigação de exercer um cargo que não pediu para exercer, e face às responsabilidades que tive no organismo e, até, pelo facto de ser, ainda, quadro superior do Ministério do Trabalho da Solidariedade e da Segurança Social (MTSSS), no topo da carreira, não podia deixar de me disponibilizar para, durante a pandemia, assegurar a gestão daquele organismo, como fiz, com a condição, expressa por escrito, de não continuar no cargo, nem concorrer ao concurso da CRESAP, pois está para mim, completamente, fora de questão, por motivos estritamente pessoais, iniciar qualquer mandato de cinco anos naquele ou em qualquer outro organismo da administração central do Estado.
Depois de muitas pressões locais em sentido contrário, acabou por ser escolhido um dos mais valiosos recursos de que o MTSSS dispõe no distrito, precisamente, a Dr.ª Elisabete Moita.
Esta dirigente conhece como ninguém a casa a que foi chamada a dirigir, além de ter, por parte de toda a gente, quer a nível interno quer a nível externo, um reconhecimento ímpar.
A aceitação, por parte de funcionários, de magistrados judiciais, das várias polícias e de tantos outros “stakeholders”, faz desta escolha a mais consensual de sempre naquele organismo.
Felizmente que não resultaram as manobras para afastar a agora nomeada, que foi “acusada” de ser do PSD, como se isso, a ser verdade (que não é), face à Lei em vigor, que determina a escolha por mérito validada por uma Comissão Nacional de Recrutamento, fosse um fator de descredibilização.
Não obstante o conturbado processo de nomeação a nível local, quer o conselho diretivo do Instituto, quer o Governo, estiveram, a final, bem, ao não vacilarem na nomeação daquela que pode ser a melhor dirigente de sempre da Segurança Social de Leiria.
Por uma vez, prevaleceu o mérito em detrimento do caciquismo partidário local.
Bem hajam os decisores nacionais responsáveis por esta decisão.
Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990