Editorial
Cultura (fora) de voto
No distrito de Leiria, aos 10 mandatos em disputa, concorrem mais de 200 candidatos, distribuídos por 17 listas
Quem costuma passar os olhos pelos textos publicados neste espaço sabe que os julgamentos não são para aqui chamados, pois o único propósito é contribuir para o intercâmbio e o debate de ideias, a partir de um ponto de vista que pode ser mais ou menos abrangente.
Começou esta semana o calendário oficial da campanha eleitoral para a constituição de um novo Parlamento, e, muito antes, já os candidatos se desdobravam em entrevistas, debates televisivos e intervenções públicas, para fazer chegar a sua mensagem ao potencial votante.
Naturalmente, os meios de comunicação social nacionais têm-se concentrado nos líderes dos principais partidos já com assento parlamentar.
E só alguns vão dando espaço aos movimentos minoritários que aspiram a um lugar na Assembleia da República.
Depois, há os círculos eleitorais, onde é a imprensa regional a assumir um papel fundamental na promoção do debate, no respeito pela pluralidade e no escrutínio da defesa dos interesses de uma freguesia, de um concelho, de um distrito, de uma região.
Uma função encarada com elevado sentido de serviço público e que não deveria ser esquecida pelos eleitos depois de tomarem posse como deputados da Nação.
No distrito de Leiria, aos 10 mandatos em disputa, concorrem mais de 200 candidatos, distribuídos por 17 listas.
O JORNAL DE LEIRIA convidou todos os cabeças-de-lista a apresentarem as suas propostas e os seus pontos de vista sobre alguns dos temas que podem fazer a diferença no futuro da nossa região.
Três optaram pelo silêncio. As respostas dos outros 14 podem ser consultadas no Guia do Eleitor, que disponibilizamos para consulta aberta no nosso site.
Curiosamente, num território que se pretende afirmar também pela vertente cultural, e que se encontra a disputar uma candidatura a Capital Europeia da Cultura, a quase totalidade dos cabeças-de-lista das candidaturas ao Parlamento nem uma palavra dedicou à Cultura na lista das suas prioridades, com excepção de uma única candidata.
Será isto um sinal que a verdadeira aposta na Cultura ainda é um tema praticamente ausente das campanhas apenas porque não dá votos?