Opinião

Deixem o Natal em paz

6 jan 2023 16:44

Perdoem estas sínteses ao mundo, na verdade, alheado das vivências da fé e das suas referências

A expressão, sendo inspirada em afirmação recente, perde em originalidade, mas ganha em oportunidade. Como ciclicamente acontece, o Natal desceu à Terra! Por esse Portugal e mundo fora o “espírito” natalício continua a inspirar a maior das transformações dos nossos ecossistemas.

No ecossistema cristão, esta não é a maior das festas. Na chamada História da Salvação (síntese da vontade de um Deus que tudo faz para se apresentar à humanidade e de com esta tentar fazer parte do seu caminho de crescimento) o grande acontecimento é a Paixão, Morte e Ressurreição do Cristo.

Sendo a Ressurreição uma ideia disruptiva, sobretudo em comparação com a reencarnação! Essa coisa de poder vaguear pela história numa escala pseudo-evolutiva, ou não, aparenta e inspira maior romantismo do que a versão cristã que aposta as fichas todas numa única existência, final e definitiva, no que ao humano diz respeito.

Momento único mas continuado na relação com a divindade, possibilidade única de poder fazer da existência terrena uma antecipação da divina.

Numa época em que acreditamos já ter descoberto muito sobre a humanidade a celebração ou o confronto com estes acontecimentos de inspiração “religiosa” mais não é, também, que a possibilidade de crentes, e não crentes, continuarmos a dar sentido à vida! O que, escrito na primeira semana do ano, tem essa oportunidade profunda e desejo manifesto. Sim. Entretanto, pelas nossas igrejas fomos sublinhando, no dia 1, o papel de Maria como cuidadora maior da humanidade (Santa Maria Mãe de Deus) e o Dia Mundial da Paz (desde 1968 por indicação maior do Papa Paulo VI).

No final desta semana, a Epifania, no imaginário comum “Dia de Reis”, agora celebrado no domingo que se segue ao dia 6, fará o fecho deste ciclo que não pára de trazer desafios às nossas disponibilidades humanas para tocarem e anteciparem o divino!

Perdoem estas sínteses ao mundo, na verdade, alheado das vivências da fé e das suas referências.

Acredito ser um luxo, sem desculpar o mal que veio ao mundo pela má conduta dos crentes ou da religião cristã em particular, mas acredito ser um luxo, repito, viver numa época da história que tem um presépio como acontecimento inicial, e fundador, e a visita dos magos como a grande amostra ao mundo universal que o bem quando nasce, deve ser mesmo para todos!

Bom Ano a espalharmos o bem!