Opinião

Empreendedorismo e arte

5 dez 2019 16:43

Multinacionais como a Disney assentam o seu modelo de negócio em explorar personagens, enredos sob a forma de filmes, séries, brinquedos e outros artefactos licenciados a terceiros.

No passado dia 21 de novembro teve lugar o primeiro seminário dedicado às indústrias criativas, intitulado Empreendedorismo e Criatividade – da arte à gestão, promovido pela D. Dinis Business School.

Este é um evento que queremos transformar numa conferência anual de impacto nacional/internacional. Empreendedorismo e arte são dois fenómenos que têm mais em comum do que aparentemente poderemos pensar.

Desde logo, o impacto da criatividade na economia é por de mais evidente – as maiores empresas do mundo (Microsoft, Apple, Amazon, etc.) são empresas onde os principais ativos resultam da criatividade de engenheiros, programadores, designers e marketeers.

Depois, o peso das indústrias intituladas como “criativas” é cada vez maior (cerca de 3,6% a 4% do PIB, ou seja, mais do que a indústria têxtil por exemplo).

Multinacionais como a Disney assentam o seu modelo de negócio em explorar personagens, enredos sob a forma de filmes, séries, brinquedos e outros artefactos licenciados a terceiros.

Por outro lado, todos os artistas são empreendedores (e vice-versa).

Refletindo na minha definição de empreendedorismo: “ato de potenciar e aproveitar oportunidades de criação de valor – económico, social, artístico”, percebemos que tanto é empreendedor quem cria uma associação de bairro para ajudar idosos, quem lança um produto dentro de uma empresa, quem cria uma start-up, como quem cria uma banda de música.

Tanto para artistas como para empreendedores o foco está na criação de valor.

No caso dos artistas esse valor é emocional (valor intrínseco) – “o que me faz sentir uma música, um quadro, uma pintura?” – o foco é a experiência. Mas esse valor emocional pode ter um valor de mercado (valor extrínseco), que por vezes poderá ser dezenas de milhões de dólares, como o caso de uma pintura, ou dezenas de milhões de livros ou músicas vendidas.

No entanto, por várias razões, alguns artistas associam lucro a “vender”.

No entanto, os empreendedores de artes não se vendem - eles vendem arte/experiência.

Com recursos, como dinheiro na mão, pode-se assumir riscos adicionais e, às vezes, mais significativos, permitindo que os artistas tornem a sua atividade sustentável e façam a sua arte chegar a mais pessoas.

Leiria é uma cidade de artistas e empreendedores.

Essas duas entidades têm de caminhar de forma mais próxima.

Uma cidade com artistas e condições para estes, com mais eventos, mais cultura (mais empreendedorismo cultural) é uma cidade que fixará mais recursos humanos qualificados, que potenciará negócios de maior valor e gerará melhor qualidade de vida.

Cultura, arte e empreendedorismo têm de caminhar de forma conjunta e coordenada, a nível estratégico e político!

Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990