Opinião
Grande trapalhada
Apesar de a Lei ser clara, ao referir a inelegibilidade de pessoas em insolvência pessoal para órgãos autárquicos, as diferentes estruturas do PS – nacional, distrital e concelhia – insistiram em tentar reconduzir Paulo Fonseca na Câmara de Ourém.
Muitas considerações se poderiam fazer sobre este assunto, nomeadamente se a Lei faz sentido, atendendo a que todos estão sujeitos a errar em algum momento da vida, ou, fazendo-o, porque só se aplica às autarquias deixando outros cargos políticos de fora.
No entanto, com as regras conhecidas, mandaria o bom-senso que o PS atacasse um concelho da importância de Ourém com menos incertezas a pairar sobre a candidatura. Não o fez, sendo difícil entender como é que o PS não se salvaguardou, pelo menos, com um plano B, confiando cegamente numa decisão favorável de uma das instâncias dos tribunais onde o processo correu, o que, como se veio a perceber pela decisão do Tribunal Constitucional, o último a que apelaram, não passava de uma eventualidade pouco provável.
À ultima hora, sabendo que o número dois da lista não é um nome muito forte em termos eleitorais, o PS ainda tentou colocar José Alho como cabeça-de-lista, argumentando que não tinha sido incluído anteriormente por “lapso”, numa tentativa de salvar um processo que teve muito de incompetência e amadorismo. Se relembrarmos que nas últimas eleições o PS apenas teve mais 120 votos que o PSD, facilmente se poderá perceber o que poderá custar tão grande trapalhada.
Poderá não ter nada de ilegal, mas a utilização de um carro da Valorsul em acções de pré-campanha eleitoral não foi bem pensada por Fernando Costa. A acreditar nas suas palavras, a empresa colocou o carro à sua disposição para uso total, incluindo para questões pessoais.
No entanto, não deixa de cheirar um pouco a azedo que um carro de uma empresa com 46% da estrutura accionista pública seja utilizado por um seu administrador, que ocupa a posição por ser vereador numa câmara, em acções de campanha eleitoral para uma outra autarquia. Como se começou por dizer, pode não ter nada de ilegal, mas eticamente deixa muito a desejar.
Esta edição do Jornal de Leiria fica marcada pelo inicio de uma parceria com o Centro Hospitalar de Leiria (CHL), que prevê a publicação de artigos produzidos por médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde daquela instituição.
Com esta parceria, o Jornal de Leiria e o CHL pretendem elevar o nível de esclarecimento e de informação da comunidade sobre assuntos diversos ligados à saúde, desmistificando algumas questões e alertando para outras, procurando, fundamentalmente, que as pessoas tenham mais argumentos para cuidarem de si e dos seus próximos, bem como para utilizarem o Serviço Nacional de Saúde de forma correcta.
É convicção do Jornal de Leiria que, dada a notoriedade e credibilidade do CHL e dos seus profissionais, esta nova rubrica será de enorme utilidade para todos os leitores, afirmando, assim, a filosofia de serviço público destas duas entidades.
* Director do JORNAL DE LEIRIA