Opinião

Leiria: ousadia e autenticidade

10 jul 2020 19:40

É necessária uma aposta clara na afirmação nacional e internacional do município e definitivamente desenvolver o que outros municípios de referência já fazem, diplomacia económica.

Em tempos de crise existem oportunidades que devem ser aproveitadas pois não há mal que sempre dure, nem bem que se não acabe.

O tempo em que vivemos obriga a que os municípios voltem forçadamente à essência da sua actuação, isto é, cortar recursos das suas políticas de “pão e circo” para as canalizarem para o que verdadeiramente interessa, as pessoas.

O Município de Leiria sempre foi conhecido como um gigante empreendedor, com diversas potencialidades na área da indústria que sempre granjeou o concelho com uma taxa de desemprego abaixo da média nacional.

Mas, por outro lado, a afirmação nacional mantém-se por atingir e vôos mais altos por alcançar.

E é neste ponto que entra a necessidade de ousadia e autenticidade. Por um lado, não existe justificação para que um município que tem as suas contas recheadas com milhões de euros dos contribuintes actualmente cobre o valor legal máximo de 5% em sede de IRS aos seus munícipes (134 municípios em termos nacionais já abdicam de parte do valor sendo que 25 abdicam na totalidade) e aplique a taxa legal máxima de 1,5% em sede de derrama para volumes de negócio anuais das empresas acima de 150 mil euros (173 municípios já não aplicam a taxa máxima).

É necessária uma aposta clara na afirmação nacional e internacional do município e definitivamente desenvolver o que outros municípios de referência já fazem, diplomacia económica.

Assim, seriam criadas condições para que Leiria possa fixar novos residentes, novas empresas, mais massa crítica e, em suma, melhores empregos e qualidade de vida.

Os problemas concretos, e complexos, tais como a perda de habitantes ou o envelhecimento da população (segundo os últimos dados disponíveis para consulta no portal Pordata entre 2010 e 2018 o Município de Leiria perdeu 1640 habitantes e viu decrescer em quase 2% o número de jovens) devem receber uma resposta estrategicamente delineada.

Assim, será necessário ter a capacidade de canalizar os recursos existentes para políticas de longo prazo, criando sinergias, multiplicando, em detrimento de opções políticas que apenas procuram esbanjar dinheiro do erário público em nome de egos pessoais de determinados dirigentes ou repetitivas clientelas políticas. Já no que diz respeito à autenticidade, esse sim é o grande caminho a percorrer.

A aposta deve passar por eventos que mostrem o que de melhor existe na região, no que de diferente existe, naquilo que possa ser um factor distintivo no panorama nacional, pois não vivemos sozinhos ou fechados sobre nós próprios.

Não é multiplicador o investimento em eventos massificados, já vistos e revistos por este país fora, nada existe a ganhar como um todo em ações cosméticas de compra de eleitorado.

Mais do que quantidade, o nosso município têm a sorte de poder apostar na qualidade se assim o desejar fazer.