Opinião

Marketeer a dias | All you need is "AIDA"

24 dez 2022 10:51

Não está à venda em lojas, não custa nada e tem um valor inestimável

Podia escrever-vos acerca de presentes de Natal como a “Alexa”, o “Astro” ou a “Siri”, ou de tantos outros iRobots e sistemas inteligentes cada vez mais procurados por reunirem, em si, um misto de “amigo”, “governanta” e “assistente pessoal”. Um SONHO (?!) tornado realidade e possível de comprar, para ter ou oferecer. Um RACIONAL assente na sua fácil parametrização, à imagem e semelhança daquilo que acreditamos ser e necessitar. Uma PROMESSA inigualável: serem fiéis servos do nosso lifestyle, apresentando como contrapartida apenas duas condições - energia e WI-FI.

As pessoas são mais exigentes do que os gadgets. Cobram-nos quando fazem algo por nós. Salários, honorários, favores, gestos, presentes. Se não for no imediato, será mais tarde. Dão corpo ao conceito de “troca”, que tão bem entendem e colocam em prática. São mais difíceis de moldar ao que nos serve. Vejam bem que as pessoas até têm maneira própria de pensar?! Personalidade. Crenças. Comportamentos autónomos. Maneirismos. Preferências. Motivações. Desejos. E os desejos são o que de mais relevante e difícil é de decifrar no ser humano. Estão alojados na mais profunda camada da espécie de “cebola” que cada um de nós é. E, para lhes aceder, por vezes não basta descascar. É preciso dissecar o bolbo, camada por camada. No processo, não estranhem o “suor”, e muito menos, as lágrimas.

Um Marketeer está por dentro do processo e sabe o quão trabalhoso e compensador pode ser levá-lo a cabo. Quanto mais “descasco” pessoas, mais consciência tenho de que é uma arte que se resume, grosseiramente, a decifrar o outro e (ajudá-lo) a calçar as suas botas. Não é um dedo que adivinha; nem visão raios-X, como às vezes me dizem. Se calhar, o que me ensinaram a fazer foi a observar o caos - ou o excesso de informação que existe sobre pessoas e do que elas emitem sobre si mesmas – e a ler nas entrelinhas (ou camadas); ou a identificar sons no silêncio das pausas, entre notas. Ou, voltando ao jargão “marketeiro”, a adotar a “AIDA”.

Mas quem é a “AIDA”? Eu explico.

No Marketing, a “AIDA” é um simples modelo explicativo das várias etapas pelas quais todos nós passamos num processo de decisão de compra. Seja um par de meias, um relógio ou um carro. Estas etapas obedecem a uma hierarquia; a uma ordem que deve ser tida em conta quando se pretende comunicar um produto ou serviço, pessoa ou instituição, com vista a que chegue efetivamente ao seu público e ao sucesso:

(A) de Atenção – o primeiro passo estratégico, que consiste em dar a conhecer (“o que é”);
(I) de Interesse – depois de se conhecer, é fundamental promover a afinidade (“eu gosto”);
(D) de Desejo – e depois do gostar, é preciso confiar para desejar (“eu quero”);
(A) de Ação – e por último, apoiar a decisão (“vou comprar”|“eu tenho”).

Imaginemos este modelo de Marketing aplicado às pessoas que nos rodeiam: colegas de trabalho, amigos, amores, familiares. O conseguir chegar ao “outro” para que ele saiba que “eu” existo e que estou lá por/para ele; demonstrar-lhe o meu afeto e o quanto ele me diz respeito; conquistar a confiança necessária à partilha mútua de desejos e ambições; e, por fim, poder concretizá-los juntos.

Se reduzirmos tudo isto à unidade, falamos de Atenção, Interesse, Desejo e Ação. “AIDA”. Não está à venda em lojas, não custa nada e tem um valor inestimável.

All you need is AIDA. Feliz Natal!