Opinião
Música | Começar 2020
Numa altura em que sabe tão bem fazer balanços e vangloriar o que de bom tem acontecido ao longo dos últimos meses, pode também valer a pena, de forma construtiva, pensar como vai ser 2020 e como, no seio da música e da cultura, Leiria encara a responsabilidade de ter sido nomeada Cidade Criativa da UNESCO, ao mesmo tempo que constrói a ambiciosa Rede 2027.
São inúmeras e conhecidas as valências, capacidades e tradições mas as distinções carregam também uma maior responsabilidade e, como em todas as estratégias, vai ser fundamental pensar e construir soluções para responder aos problemas colocados.
Se contamos com um movimento associativo tão forte e dinâmico, quanto marcadamente voluntário, o desafio da profissionalização e da sustentabilidade aparece como o elefante no meio da sala. Se é verdade que uma política de apoios a projectos, seja de âmbito nacional ou autárquico, pode, num período transitório, ajudar - como em qualquer sector -, ela não resolve definitivamente os problemas.
Mas não deixa de ser preocupante que, por ineptidão das candidaturas ou por questões de avaliação, vários agentes culturais sejam recorrentemente preteridos na atribuição de subvenções estatais.
E entre as “negas” dos últimos anos contam-se algumas das iniciativas que mais tinta fazem correr sobre Leiria e que têm, realmente, contribuído para uma transformação do território.
Entre a capacitação e o acompanhamento à promoção e lobby nacional da imagem da cultura de Leiria haverá certamente algo a fazer.
Com noção de que muitas instituições privadas e a própria comunidade estão cada vez mais abertas aos projectos diferenciados e colaborativos que aqui vão nascendo, a sua continuidade e promoção parece ser um objectivo prioritário.
Assim como a circulação de agentes e iniciativas dentro do espaço da Rede 2027.
A verdade é que, além dos grandes eventos de entretenimento para massas, as ideias diferenciadas e desafiantes que se têm tornado símbolos da cidade e que a têm projectado a nível nacional e internacional apenas sobrevivem porque há uma forte dedicação pessoal de cariz voluntário (ou quase), acompanhada de investimento privado e/ou autárquico.
E é certamente necessário pensar como os agentes podem ter mais mercado profissional, para que estes projectos tenham continuidade e que, para lá de melhorarem estes, possam pensar noutros e colocá-los em prática também.
Não falta talento nem capacidade de trabalho, não falta vontade de tornar Leiria (cidade e região) num local mais cultural, criativo, interessante e com melhor qualidade de vida.
Mas começa a faltar tempo para encontrarmos as melhores soluções para prender cá o talento e algumas pessoas que têm contribuído para esta evolução positiva nos últimos anos.
Além disso, Leiria pode ter todos os ingredientes para criar e atrair ainda mais talento para continuar o trajecto Comecemos então 2020, no seio da cultura, (como seria expectável em qualquer sector) a criar condições para que as pessoas tenham trabalho e recebam por ele e a tentar atrair investimento.