Opinião
O mito da criação
E assim fez: imaginou umas criaturas simples mas belas que se ergueriam do solo em direcção às nuvens e se agitariam suavemente ao ritmo do vento.
Havia um jovem deus que vivia num sítio pouco conhecido do universo. Certa vez cometeu um desvario que irritou os pais e foi castigado; deveria passar um dia longe de casa. Para cumprir a punição, optou por um pequeno planeta abandonado, de que nada se sabia porque ficava distante.
Não era uma escolha óbvia, sendo o seu objectivo deixar a mãe um pouco ansiosa; desse modo, talvez ela abreviasse a duração do castigo. Lá foi cumprir a sua penitência; contudo, logo se arrependeu da escolha: era um sítio sem vida nem emoção, sem diversidade, onde dominava o azul dos oceanos e o castanho da terra; e nada mais existia.
Deambulou por ali sem propósito nem objectivo, apenas para passar o tempo. Mas como tantas vezes acontece, o aborrecimento gerou acção. Quis atenuar o tom monótono daquela paisagem. Porque sim. Porque podia.
E assim fez: imaginou umas criaturas simples mas belas que se ergueriam do solo em direcção às nuvens e se agitariam suavemente ao ritmo do vento.
Inundou o planeta de árvores; o verde passou a ser uma das cores dominantes e o sussurro das folhas a agitarem-se propagou-se em todas as direcções. O jovem deus contemplou a sua criaç ão e durante algum tempo sentiu-se bem consigo próprio. Mas depois interrogou-se sobre as limitações do que fizera.
Cada árvore estava fixa num local e impossib
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