Opinião
Os políticos são humanos
Há uma infinidade de tempo que toda a oposição, sindicatos, comunicação social e afins se dedicam a criar instabilidade política, travar projectos estruturantes e tentativas de reformas
Jacinda Harden (JH), primeira-ministra da Nova Zelândia desde há pouco mais de cinco anos, realizou um bom trabalho à frente dos destinos daquele país, nomeadamente nos domínios da política de habitação e das medidas de combate às alterações climáticas e à pobreza infantil.
Tem, igualmente, a seu crédito a forma como lidou com três acontecimentos graves durante o seu mandato: o ataque a uma mesquita que causou 51 mortos, em 2019, a gestão da pandemia e a erupção do vulcão Whakaari.
A sua reacção a todas estas tragédias foi claramente louvada pela comunidade política internacional. No entanto, tem sido fortemente atacada pela oposição, pela comunicação social e redes sociais, nos últimos tempos, em resultado da ameaça da inflação e da possível recessão, como se essas ameaças não fossem globais.
Alguns relatórios salientam também que em 2022 a polícia confirmou que as ameaças contra a primeira-ministra triplicaram em três anos. Vi na televisão um excerto das declarações da primeira-ministra em resposta aos ataques que sofreu por ter ido a uma discoteca dançar e divertir-se um pouco com as suas amigas perguntando, com a face torturada e lágrimas nos olhos, se uma mulher jovem como ela não se pode divertir com as amigas por ser primeira-ministra.
Notava-se que JH estava perto de um esgotamento, o qual, segundo várias figuras públicas, resultou da “difamação constante, dos abusos e ataques pessoais”. Não há confirmação das razões de tanto ódio a JH, mas muitos especulam que terão surgido de movimentos anti-vacinação da Covid-19.
Entretanto, JH foi de férias, reflectiu sobre tudo isto e, regressada, anunciou que iria abandonar a chefia do partido trabalhista, a que pertence, e do Governo, logo que fosse eleito o novo líder trabalhista que, aliás, já foi escolhido e está em funções. “Sou humana, os políticos são humanos”, concluiu JH no final da comunicação, anunciando que se vai dedicar à sua filha e, finalmente, casar com o seu companheiro de uma década.
Falo neste episódio passado, mais ou menos, nas antípodas de Portugal porque vejo muitas semelhanças com a situação no nosso País. Há uma infinidade de tempo que toda a oposição, sindicatos, comunicação social e afins se dedicam a criar instabilidade política, travar projectos estruturantes e tentativas de reformas. Apoio todas as iniciativas que visem melhorar a transparência e a probidade na política, na administração pública e nos negócios privados.
Se há membros do Governo que praticaram actos ilícitos, então preocupem-se todos para que sejam rapidamente investigados e, se verdadeiros, demitam os protagonistas e sigam em frente porque a situação política e económica futura é muito perigosa e vai exigir o empenho de todos. Não brinquem com o que aí vem!