Opinião
Pandemia e integração política
Habitações pouco concentradas e quase sempre com razoáveis condições sanitárias, generalizado consumo de conteúdos das TV, dando estas básica informação de atitudes preventivas face à pandemia, explicarão tal desempenho.
Desta vez, Leiria foi tema de telereportagens por boas razões: ser a única capital de distrito fora do confinamento.
Situação que se mantém à hora a que escrevo estas linhas [22/11], acompanhada da totalidade dos concelhos ribeirinhos daquele, na maior mancha contínua do País, não a vermelho, no toc ante à Covid-19.
Mera coincidência?!
Comum ao respectivo território - onde estão implantados significativos aglomerados industriais gerando elevada mobilidade, nomeadamente de trabalhadores e com vias de acesso escancaradas a forasteiros – é o facto de os seus povos gozarem, no geral, de relativo desafogo de rendimentos.
Habitações pouco concentradas e quase sempre com razoáveis condições sanitárias, generalizado consumo de conteúdos das TV, dando estas básica informação de atitudes preventivas face à pandemia, explicarão tal desempenho.
A que se juntam o dominante uso de viatura própria nas deslocações para as tarefas diárias, subalternizando claramente os transportes públicos, e capacidade económica individual mínima para compra atempada de máscaras, gel, etc.
Aparentemente esta foto tosca mostrará, assim, populações receptivas (e com fácil acesso à informação de massa), incorporando esta na modelação dos seus comportamentos, no caso, sanitários; e, ainda, a presença na região de dirigentes das empresas com aceitável literacia funcional.
Características aliás de potenciar, num caldeamento do sentimento de “pertença” relativamente a um espaço, desenhado administrativamente no século XIX (e para mais, com alguns vectores centrífugos), mas que urge, desde já, evidenciar e fazer-lhe justiça.
É que essa relativa homogeneização sociológica de gentes esforçadas, abertas a novas tecnologias, competitivas, individualistas e com laivos até de emulação e, assim, justificativas dos bons índices económicos e sociais regionais, deverá ter correspondência na sua autonomia decisória e peso político-administrativo, em contexto nacional.
O que não está a acontecer, se atentarmos, por exemplo, no faz que anda mas não anda da modernização e rentabilização da Linha do Oeste e da eventual utilização pela aviação comercial da BA 5, apesar já de uma significativa “massa crítica” local, esclarecida, inovadora e, por vezes, até ruidosa…
Necessidade, pois, de se começar a pensar num outro congresso – o quinto – da região de Leiria?!