Opinião

Pensar no global para agir no local

2 out 2025 08:02

Mesmo quando fui ator ativo enquanto candidato, nunca me atrevi a pedir um voto para mim, tão-somente expunha as minhas propostas

Ditou o calendário que esta fosse a minha última crónica antes das eleições autárquicas. Com tanto ruído visual, acústico e informativo que as campanhas eleitorais sempre trazem consigo, melhor seria ter ficado calado e deixar para quem mais sabedor é dos assuntos o comentário, ao invés de vir com a minha parlaria juntar ainda mais ruído.

Mas já agora, e entre parênteses, senhores diretores de campanha, por favor, revejam o grafismo com que tentam promover os vossos candidatos. Dos outdoors aos cartazes, a mancha é de uma falta de originalidade pavorosa, as imagens dos candidatos mostram a pessoa, mas não retratam o carácter, da ideia de cada um deles dizem nada.

Mas não é a isto que venho, hoje, conversar com os leitores. Acontece que o assunto das autárquicas é tema amiudado nas conversas que vamos tendo entre amigos e próximos, o que transparece um sentido cívico de responsabilidade e compromisso democrático, com um concelho melhor que todos queremos ter para passar e passear os nossos dias e viveres. E destas conversas sobressai uma dúvida constante: em quem vamos votar? Vinda assim, com o sobressalto da dúvida perante a incerteza da melhor opção no momento do voto.

Não me cabe o atrevimento de sugerir um sentido de voto. Mesmo quando fui ator ativo enquanto candidato, nunca me atrevi a pedir um voto para mim, tão-somente expunha as minhas propostas e devolvia o sentido do voto para a apreciação de cada eleitor face a todos programas com que cada partido se apresentava, isto é, liberdade de votar, mas também liberdade de decidir sem as teias desonestas da demagogia e promessas vãs com que se caçam os incautos ou menos informados.

Sem dúvida, gosto muito das eleições autárquicas. Conheço os candidatos, são-nos próximos, coabitam o nosso quotidiano e deles sabemos se são capazes de cumprir a palavra dada. Naturalmente que este pressuposto exclui, desde logo, os “candidatos de importação”. Viva o comércio local, pois então!

Por exclusão óbvia dos manifestamente impreparados e que peroram futilidades para esconder o absoluto desconhecimento da realidade do nosso concelho, sobra-me sugerir a quem me pergunta, que usufruam a vantagem de uma eleição tripartida e possam votar na pessoa e não apenas no partido que representam: uma equipa para a Câmara que apresente um projeto coerente e exequível; gente séria e íntegra que, na Assembleia Municipal, seja capaz de uma efetiva função fiscalizadora e apresente propostas de bem comum; uma Junta de Freguesia composta por gente de trabalho e próxima da realidade local e das necessidades e anseios que gostaríamos ver resolvidos.

Há lá liberdade maior que votar em quem acreditamos, sem o peso atávico de ter que ser fiel a este ou aquele partido!? Vamos a votos, com Liberdade. Pensando no modo global a que estamos condicionas, para podermos agir no local e ao nosso alcance.

Texto escrito segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico de 1990