Editorial
Troca de galhardetes
A câmara municipal fez dois contratos de publicidade com a SAD da União de Leiria, pelos quais pagou um total de 24.500 euros
É tradição, no futebol, a troca de galhardetes entre os capitães das duas equipas antes do início de cada partida. Na semana que passou, assistimos em Leiria a uma ‘troca de galhardetes’, mas no sentido figurado e irónico do termo. De um lado a administração da União Desportiva de Leiria SAD, do outro, a Câmara Municipal de Leiria. Pelo meio, dois comunicados ao estilo ‘zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades”.
Nos tempos mais recentes, tem sido público o apoio da autarquia ao projecto delineado pela sociedade anónima desportiva que gere os destinos da equipa profissional de futebol sénior da cidade do Lis. Além do protocolo de cedência para utilização, a título gratuito, do espaço do estádio municipal conhecido por Porta 10, no ano passado, a câmara municipal fez dois contratos de publicidade com a SAD da União de Leiria, pelos quais pagou um total de 24.500 euros.
Com excepção dos resultados desportivos, tudo parecia correr de feição… até à quinta-feira passada. Depois de se ver obrigada a ir jogar a Rio Maior, devido às más condições em que ficou a relva do Magalhães Pessoa após o concerto que juntou no recinto 1.000 músicos, a administração da SAD emitiu um comunicado a lamentar o sucedido e a dizer que lhe tinha sido garantido que o referido espectáculo não iria inivializar a disputa dos jogos.
Um dia depois, o contra-ataque. Também em comunicado, o executivo liderado por Gonçalo Lopes apressou-se a explicar os passos que estavam a ser dados para recuperar o relvado e a recordar que sempre tinha cumprido os “compromissos de parceria assumidos” com a SAD. Ainda no mesmo dia, em resposta às perguntas dos jornalistas, o município revelou que, afinal, a UDL SAD tinha uma dívida para com a autarquia de 141 mil euros.
Uma estranha ‘coincidência’, sabendo-se que este valor, dividido por parcelas (1.845 euros por cada jogo da equipa profissional e 1.700 euros por mês pelo espaço onde estavam instalados os serviços administrativos da SAD), corresponde a um atraso de pagamentos de muitos meses.