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A audaciosa epopeia de três décadas dos Alien Squad
Indómitos | A 30 de Novembro, os Alien Squad, a mais antiga banda no activo na cena musical de Leiria, sobe ao palco da Stereogun, para um concerto de apresentação do seu quarto registo e para a celebração de 30 anos de rebeldia inconformista, originalidade e muita música punk
Pedro Punk (Portela), guitarra, Ricardo (Alegria), vocalista, Hugo Cunha, baterista, e Xano Oliveira, baixo, compõem a formação actual dos Alien Squad, banda que é a imagem indelével do punk da "cidade do Lis", vão comemorar, no dia 30 de Novembro, o 30.º aniversário do colectivo, com, tudo indica, mais um memorável concerto na Stereogun, em Leiria.
Fazem-se acompanhar por Stand Your Ground, o seu quarto disco de originais, disponível a partir do dia 29 de Novembro, em edição limitada de apenas 300 cópias - LP verde + CD + Digital Green LP12" inclui um Voucher Code Alien Squad -, já em pré-venda, no site da editora de Leiria Rastilho Records.
Sempre fiéis ao universo musical que os criou, mastigou, cuspiu e deu berço, os Alien Squad trilham e sempre trilharam um caminho sui generis, que não sofre do síndrome da rotulagem de estilo. "Sempre que consulto listas com o nome das bandas punk nacionais, nunca encontro lá o nosso. Para uns somos punk trash e para outros somos outras coisas. Gosto de pensar que somos apenas punk. A nossa fórmula musical é só nossa", resume Pedro Punk.
Os nomes escolhidos para os álbuns da banda reflectem esse espírito indómito da formação. O primeiro CD, de 2000, deu pelo nome de From Alienation to Alien Nation, o segundo, de 2002, foi Sons of a Switch, e o terceiro, editado há 14 anos, era Order Not Government. Neste final de 2019, é a vez de o quarteto de Leiria fincar a sua posição com Stand Your Ground, registo que começou a ser gravado em Março de 2017.
E foi na sala de ensaios em casa de Xano, na zona da Estação de Leiria, que foi feita toda a captação do som, depois misturado num estúdio de Lisboa. "Teve muitos momentos de arranque e paragem, foi feito com muito tempo", conta o baixista.
O álbum integra dois temas compostos durante os tempos da primeira formação do grupo: Raging Boys Transformation, de 1988, quando a banda se chamava A.S.W. ou Alien Spider Webs, e que nunca tinha sido gravada ou apresentada ao vivo, e Blue Dogs, de 1990, já tocada no primeiro concerto, em 1991.
No final do registo, encontram-se também TV Lies e Red Alert... (The Genetic Games) que datam de 1993 e foram registadas na demo OFF-2-3-SHOCK, de 1994, com Cláudio Bajouco, na voz.
"De resto, temos temas mais recentes, um de 2004, e o mais novo tem dois anos. E há ainda a SK8 Boardin' Ain't No Crime!, que é antiga mas que levou uma roupagem completamente nova", explica Pedro, de cuja pena saem letras que versam, quase sempre, temas sociais.
"Quando algo me chama a atenção, tenho de falar. O punk mudou muito desde os anos 70, quando os Sex Pistols falavam do 'No Future'", refere, sublinhando que, nessa década, já havia outra vaga paralela, mais positiva e com mais a dizer do que os Pistols.
"O ambiente e o vegetarianismo eram coisas já muito importantes nas bandas de então", faz notar Hugo Cunha. Com colectivos a defender causas diversas, o confronto era inevitável. Alguns grupos, mais despertos para a vertente política da intervenção social, criticavam nas suas letras, quem se "vendia" às editoras multinacionais. No caso dos Alien Squad, há um tema que preocupa Pedro e que tem encontrado espaço nos discos da banda: a tecnologia e a dependência dela.
"Os últimos três discos abrem com temas que falam disso." A música mudou e até no punk isso se nota. Alegria, o vocalista, recorda que, noutros tempos, se fosse preciso, “o público andava todo à chapada”, mas, agora, a única coisa que se vê são os telemóveis ao alto. "É estranho. Parece que nem ouvem a música. É o Black Mirror a bombar!"
Um gajo que se chama Alegria
Os riffs, acordes e ritmos de percussão continuam nas mãos de Pedro, Xano e Hugo, mas a voz em Stand Your Ground é assegurada por Ricardo Alegria, que, com 35 anos, é o mais novo alienígena deste esquadrão do punk. Em 2017, sucedeu a Cláudio Bajouco como vocalista dos Alien Squad, mas a sua primeira tentativa de ingresso na banda remonta a 2015.
"Antes de ir para o famoso concerto no Beat Club, desse ano, um amigo disse-me que aquele iria ser o último do Cláudio como vocalista. Após muita cerveja e como a Preguiça Magazine tinha feito uma brincadeira a dizer que quem quisesse ficar no lugar dele que se manifestasse, fui falar com o Pedro, que me respondeu que já tinham um vocalista", recorda.
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