Sociedade

A menina jornalista que voou para Lisboa

29 dez 2018 00:00

Durante 13 anos, até Janeiro de 2016, Luci Pais foi um dos rostos do jornal Região de Cister

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Daniela Franco Sousa

Durante 13 anos, até Janeiro de 2016, Luci Pais foi um dos rostos do jornal Região de Cister. Mas a menina jornalista sentia o apelo da cidade grande. E é hoje em Lisboa que a encontramos. Já não como repórter, mas como uma eterna apaixonada pelas letras, que entretanto se tornou produtora de conteúdos e gestora de redes sociais.

Filha de pais brasileiros, Luci nasceu em 1979 nos Estados Unidos, de onde saiu com apenas ano e meio. Do lado de lá do Atlântico, a menina passou a morar em Portugal, no distrito de Viseu, na pequena aldeia de Casal das Donas, no concelho de Penalva do Castelo.

Da infância, Luci guarda ainda a memória de alguns anos a residir em Cascais, até ao regresso a Casal das Donas, onde concluiu o ensino secundário. “Quando era miúda sempre quis ser veterinária. Mas também me apaixonei pela Educação Física. Só que no meu 11.º ano comecei a nutrir uma carinho especial pela área da escrita”, explica Luci, que acabou por se candidatar ao curso de Comunicação Social no Politécnico de Viseu. “Mas nunca pensando em ser jornalista. Aliás, sempre foi de onde quis fugir”, conta Luci.

Mas foi efectivamente ao jornalismo que a jovem acabou por se dedicar. Passou a residir em Alcobaça, em 2003, ano em que se estreou como repórter do Região de Cister. E durante esses 13 anos cimentou uma carreira e uma autêntica “família” no jornal. Nesse período, do seu currículo profissional fez parte ainda a colaboração no JORNAL DE LEIRIA e no Jornal de Notícias.

Ao longo do tempo, Luci foi apurando ainda mais a sua paixão pela escrita, preferindo o trabalho de investigação e a reportagem onde tinha a oportunidade de “humanizar” as histórias. “Gosto que o leitor consiga vislumbrar aquela ruga ou aquele sorriso através das palavras que escrevo”, considera Luci.

Mas a jornalista não se revia especialmente no jornalismo factual que, num pequeno jornal regional, todos têm de escrever. Surgiu entretanto a oportunidade de tirar um curso de public speaking e um outro de coaching e PNL.

Como sentia apelo pela cidade de Lisboa, tentou nessa altura começar a trabalhar na área de Marketing Digital. E para isso foi necessário fazer também formação ajustada. Os primeiros trabalhos na área de produção de conteúdos surgiram quando ainda vivia em Alcobaça. Luci esperou que os seus filhos completassem o ano lectivo e só depois voou para a capital.

É na comOn que se dedica hoje à produção de conteúdos e à gestão de redes sociais. Deixou uma pequenina redacção da periferia para integrar uma empresa com mais de cem pessoas. “O jornalismo permitiu-me uma adaptação fácil”, realça Luci, para quem o desafio passou apenas por ser mais concisa, adoptar um discurso que tem de ser mais denso no online do que na imprensa escrita.

Ainda sente saudades de fazer reportagens, saudades de Alcobaça e da “família” que deixou no Região de Cister, a quem reconhece um enorme mérito por todas as semanas conseguir recriar a forma de informar. Mas Lisboa é uma cidade que a faz feliz. É um lugar onde pode trabalhar, onde arranja tempo para correr, para ler, para ver o mar e para ouvir música. E também ali que consegue tempo livre para acompanhar os filhos, Diogo e Pedro, nos seus treinos e nos seus desafios de hóquei.

Além disso, explica Luci Pais, a ex-jornalista vê em Lisboa rostos sempre diferentes e aprecia essa “explosão cultural”. Isso, além da luz da cidade, que, admite, lhe “ilumina a alma”.