Economia

Afinal, a crise já acabou?

2 fev 2017 00:00

O desemprego está a cair. A confiança dos consumidores a subir, as empresas estão a investir e a contratar. Pode falar-se em fim da crise? Nim…. Os economistas reconhecem que há indicadores positivos, mas lembram que os problemas estruturais persistem

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Raquel de Sousa Silva

Nos últimos cinco meses o indicador de confiança dos consumidores aumentou e atingiu em Janeiro o valor máximo desde Abril de 2000, de acordo com o último inquérito de conjuntura às empresas e consumidores, divulgado esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística.

O aumento daquele indicador “deveu-se, sobretudo, ao contributo positivo das perspectivas relativas à evolução do desemprego e das expectativas relativas à situação económica do País e, em menor grau, das apreciações da evolução da poupança e da situação financeira do agregado familiar”.

Tem havido crescimento da economia – os economistas do ISEG, por exemplo, falam num crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) entre 1,3% e 1,4% para a totalidade do ano de 2016 – e o desemprego está a descer.

Segundo dados do INE, a taxa de desemprego foi de 12,4% no final de 2015, depois de ter atingido os 16,2% em 2013. Para o ano passado ainda não há dados definitivos, mas a estimativa provisória para Dezembro é de 10,2%, o valor mais baixo desde Maio de 2009.

O valor médio da avaliação bancária está no nível mais alto dos últimos cinco anos, estão a vender-se mais carros, as compras feitas em Portugal na quadra de Natal (de 28 de Novembro a 1 de Janeiro) ascenderam a 4023 milhões de euros, mais 10,2% do que no período homólogo, o turismo está em alta, bem como a restauração, tanto a nível nacional como na nossa região (em Leiria, no final do ano passado, no espaço de um mês abriram seis novos restaurantes). Os empresários estão a investir e a contratar (ver texto na página 6) e fecharam menos empresas do que em 2015.

Afinal, a crise já acabou? “A única resposta sincera é sim e não. Por um lado, a crise acabou, por outro, perdura e perdurará”, afirma João César das Neves. O economista lembra que a economia portuguesa “registou a maior recessão do último meio século entre 2009 e 2013”, considerando que desde meados de 2013 que o produto “aumenta regularmente” e que o desemprego desce.

“Neste sentido, é razoável dizer que a crise acabou. Só que, como um doente com alta condicional do hospital, a maleita permanece, e pode até dizer-se que se aproxima a recaída, que será violenta”.

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