Viver

Ana Bonifácio, arquitecta: “Tirar as palhinhas do circuito para onde o plástico tem de estar, que é no museu”

15 abr 2021 15:06

Exposição Pés Descalços e Janelas Descortinadas – Um Caminho no Convento é inaugurada esta sexta-feira, pelas 18 horas

ana-bonifacio-arquitecta-tirar-as-palhinhas-do-circuito-para-onde-o-plastico-tem-de-estar-que-e-no-museu
Na instalação Obituário, Ana Bonifácio utiliza palhinhas de plástico retiradas do circuito comercial
Ricardo Graça

Comprou 10 mil palhinhas de plástico para esta exposição [no Museu de Leiria]?
Sim, comprei. Para esta exposição, a primeira premissa foi o facto de se incluir na exposição que ainda está patente, a Plasticidade, que é no fundo esta abordagem de conhecimento sobre o triunfo económico da baquelite, que foi o primeiro plástico produzido pelo Homem. Nós hoje encontramo-nos nesta dicotomia de ainda haver uma produção massiva de plástico e de termos só um planeta.

É um desafio, usar um material, num certo sentido maldito, nos dias de hoje, o plástico, para expressar artisticamente uma ideia?
É controverso. Para falar das palhinhas: há uma directiva da União Europeia que diz que o descartável tem de sair do mercado, portanto, há uma ideia de desplastificação do quotidiano, é urgente. E eu encontrei várias à venda em quantidades massivas.

O título da instalação é Obituário.
Porque, no fundo, quis retirá-las do mercado, quis fazer esta mega-cortina para nada. Tirar rapidamente as palhinhas do circuito e levá-las para o sítio onde o plástico tem de estar, que é fechado, entre aspas, no museu, ou seja, não lhe dar a oportunidade de ir parar ao mar e de se transformar em microplásticos e de fazer o circuito que tem feito nos últimos anos. É uma ode à inutilidade do material e do objecto.

O discurso ecológico é um dos motes da exposição?
É o questionar da preocupação ambiental, um pouco em torno desta controvérsia, que coloca o plástico no museu, que faz esse trabalho de mostrar que ele já devia ser um objecto de arquivo mas que, ao mesmo tempo, há toda uma economia e uma dinâmica de uma região que também depende dele.

Este conteúdo é exclusivo para assinantes

Sabia que pode ser assinante do JORNAL DE LEIRIA por 5 cêntimos por dia?

Não perca a oportunidade de ter nas suas mãos e sem restrições o retrato diário do que se passa em Leiria. Junte-se a nós e dê o seu apoio ao jornalismo de referência do Jornal de Leiria. Torne-se nosso assinante.

Já é assinante? Inicie aqui
ASSINE JÁ