Sociedade
Bispo de Leiria-Fátima pede mais espaço para os jovens na Igreja
"É importante que, em cada comunidade, os jovens tenham real oportunidade de exprimir a sua forma de viver e de sonhar a fé, de entrar no processo de discernimento e de decisão das comunidades”, afirma D. José Ornelas na sua carta pastoral.
O bispo de Leiria-Fátima quer que se dê mais espaço aos jovens e a quem está fora da Igreja ou se sente tentado a sair dela. O apelo de D. José Ornelas é deixado na sua carta pastoral, na qual o prelado volta a alertar para a “gravidade dramática” dos abusos de menores e pessoas vulneráveis.
No documento, dirigido aos católicos da diocese, o bispo alega que o “espírito juvenil” da Igreja, expresso na recente Jornada Mundial da Juventude, que revelou “um quadro muito vivo e empenhado” dos jovens, “não pode extinguir-se com o apagar das luzes da ribalta”.
“É importante que, em cada comunidade, os jovens tenham real oportunidade de exprimir a sua forma de viver e de sonhar a fé, de entrar no processo de discernimento e de decisão das comunidades”, afirma D. José Ornelas no documento, onde reconhece que os jovens não se revêem na Igreja ou não se sentem aceites e acolhidos.
O bispo admite, no entanto, não são apenas os mais novos que se estão a afastar da Igreja, havendo “cada vez mais fiéis que abandonam a prática religiosa”. Uma “crise” que se estendeu também aos membros do clero, cujo número reduziu “significativamente”, levando a uma concentração do serviço nas mãos dos sacerdotes, com o ritmo de vida dos que persistem a não atrair novas vocações.
Na carta pastoral, D. José Ornelas aborda também a vaga de imigrantes, que “contribui para uma diversidade das formas de dizer ‘eu creio’”, pedindo que se olhe para essa realidade como uma “oportunidade de estar activamente presentes nestes tempos de mudança”.
Para o bispo de Leiria-Fátima, as "ondas, cada vez mais numerosas, de imigrantes”, que procuram melhores condições de vida e segurança e dão um importante contributo ao país e à sociedade. “É um sinal do nosso tempo que não nos pode passar ao lado. Eles constituem um desafio à nossa capacidade de abrir as portas, de acolher, de lhes dar a conhecer o rosto de Cristo e da Igreja, que não discrimina, não explora, mas que acolhe, integra e partilha”, frisa.
Na sua carta pastoral, D. José Ornelas volta a olhar para a “gravidade dramática” dos abusos de menores e pessoas vulneráveis, considerando-os uma “atitude em absoluta contradição com o espírito de acolhimento afetuoso e fraterno que é marca do Evangelho”. “Jesus não hesita em aplicar a ‘tolerância zero’ para quem pratica tais atos que devastam as vidas de inocentes”, escreve, defendendo que "a verdade e autenticidade da Igreja tem de se manifestar na forma como acolhe e cuida de quem foi vítima de tais feridas, para assegurar a sua dignidade e o seu futuro, e para procurar, através da sensibilização e formação dos agentes pastorais, que tais dramas não venham a repetir-se”.