Sociedade
Brigada do Mar já tirou 450 toneladas de lixo das praias
A associação vai voltar às praias da região, para mais uma acção de limpeza, nos dias 17 e 18. Duas empresas do distrito estão a desenvolver um projecto para uso do plástico de mar como matéria-prima.
Costuma largar a beata do cigarro na praia ou atirá-la sarjeta adentrodo cigarro na praia ou atirá-la sarjeta adentro? Deita a cotonete na sanita depois de utilizada? Usa esfoliante ou pasta dentífrica com microesferas de plástico? Se sim, saiba que está a contribuir para um dos maiores problemas do nosso tempo: o lixo marinho.
Segundo a Agência Europeia para o Ambiente, a cada ano que passa, aproximadamente 10 milhões de toneladas de lixo acabam nos mares e oceanos do planeta, com predomínio para o plástico.
Um estudo divulgado em Junho último pela World Wide Fund for Nature (WWF), uma organização ambientalista internacional, revelava que “95% dos resíduos que flutuam no Mediterrâneo são compostos por plásticos”.
No caso de Portugal, de acordo com a Agência Lusa, o estudo referia que “os microplásticos predominam nas areias das praias, representando 72% do lixo” encontrado nas nossas zonas balneares.
O cenário é de tal forma negro que alguns especialistas prevêem que, ao ritmo actual, em 2050 haverá mais plástico do que peixe no mar. Um verdadeiro “Armagedão dos oceanos”, como descreveu Erik Solheim, director executivo do Programa das Nações Unidas para o Ambiente, numa cimeira realizada no ano passado em Nairobi, capital do Quénia.
No seu último relatório sobre o programa de monitorização do lixo marinho em praias, referente a 2017, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) aponta dados que indicam que, já em 2025, “haverá no oceano uma tonelada de plástico para cada três toneladas de peixe” e que na viragem deste século “o peso do plástico ultrapassará o do peixe”.
“As nossas roupas e as microfibras de plástico são, em grande parte, a causa para este cenário. Sem qualquer intervenção, a quantidade de fibras libertadas através dos esgotos para o meio hídrico aumentará significativamente no futuro próximo”, adverte a APA naquele documento, que dá conta dos resultados de 2017 do referido programa de monitorização, que abrange 11 praias portuguesas, entre as quais Osso da Baleia (Pombal), Paredes de Vitória (Alcobaça) e Baleal (Peniche).
De acordo com o documento, os fragmentos de plástico/poliestireno (usado, por exemplo, para fazer esferovite), as beatas de ccigarro, as cápsulas e tampas de plástico, redes de pesca e cordas, sacos de batatas fritas e guloseimas, garrafas de plástico e cotonetes foram os resíduos encontrados em maior quantidade nas praias monitorizadas.
Mais de 500 quilómetros limpos em 10 anos
Segundo o relatório da APA, os resultados obtidos em 2017 “não diferem substancialmente dos apurados em anos anteriores”. E também não são muito diferentes daqueles que a associação Brigada do Mar tem obtido em dez anos de acções de limpeza na costa portuguesa.
Criada em 2009, a organização já recolheu mais de 450 toneladas de lixo e limpou, com a ajuda de cerca de seis mil voluntários, aproximadamente 500 quilómetros lineares de costa. O próximo alvo da Brigada do Mar será o troço entre as praias de Vieira de Leiria e Pedrógão, com uma acção de limpeza a realizar nos próximos dias 17 e 18 (ver caixa).
Já em Outubro a associação levou a cabo uma iniciativa semelhante na zona entre São Pedro de Moel e Pedrógão, que permitiu a recolha de cerca de três toneladas de lixo marinho, composto sobretudo por plástico.
“É urgente uma revolução com o lixo”, defende Simão Accioioli, voluntário e um dos fundadores da Brigada do Mar, que defende que “o mundo tem de acabar com o conceito de lixo”, passando para um paradigma em que “tudo tem valor e serve de moed
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