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Carlos André vence Prémio D. Diniz da Fundação da Casa de Mateus

23 jul 2025 20:21

Pela tradução de Arte de Amar, de Ovídio, com edição Quetzal

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Natural de Leiria, foi professor da Universidade de Coimbra e governador civil
Ricardo Graça

Desde 1980, entre os premiados estão nomes como Agustina Bessa-Luís, José Saramago, Eduardo Lourenço, Maria Teresa Horta ou, mais recentemente, José Tolentino Mendonça.

Esta quarta-feira, a Fundação da Casa de Mateus anunciou a atribuição do Prémio D. Diniz a Carlos André (natural de Monte Real, Leiria, antigo governador civil no distrito) e J. Rentes de Carvalho.

Carlos André é distinguido pela tradução de Arte de Amar, de Ovídio, a primeira tradução portuguesa feita directamente do latim, publicada em edição bilingue pela Quetzal.

Uma obra que devolve ao leitor contemporâneo toda a riqueza e ambiguidade do verbo “amar”, tal como Ovídio o concebeu: da sedução ao excesso, do prazer à sátira”, lê-se na nota divulgada pela Fundação da Casa de Mateus.

O júri – composto por Fernando Pinto do Amaral (presidente), Pedro Mexia e Mário Cláudio – reconheceu, também, Cravos e Ferraduras, coletânea de contos, crónicas e textos diarísticos de J. Rentes de Carvalho que reflectem os 50 anos de Portugal pós-25 de Abril.

Nos últimos 45 anos, o Prémio D. Diniz tem destacado poesia, ensaio, ficção ou traduções de obras fundamentais do cânone literário.

“Como pode imaginar-se estou vaidoso, sim. E mais ainda quando penso que este prémio já distinguiu tantos nomes, junto de quem me sinto um pequeno aprendiz”, escreveu Carlos André nas redes sociais.

Satisfeito, ainda, “por ser um prémio atribuído à tradução”, como já o fora a Frederico Lourenço, pela sua Odisseia, “assim a colocando a par da literatura”, assinala na mesma publicação.

“Esta é uma distinção para a Quetzal, a quem agradeço na pessoa de Francisco José Viegas, sempre credor da minha gratidão, por ter a coragem de assim apostar nos clássicos, que são a nossa identidade”, conclui.

Carlos Ascenso André, de 72 anos, foi professor de línguas e literaturas clássicas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde se doutorou em 1990, antes de passar pela China e por Macau e assumir funções directivas no Instituto Politécnico de Macau, refere a Quetzal numa curta biografia disponível no seu site. “Tem uma longa carreira dedicada ao estudo e à tradução de literatura latina – seja a da época clássica (Cícero, Virgílio, Ovídio, Séneca), seja a do Renascimento – e aos estudos camonianos. Foi visiting professor em várias universidades estrangeiras, como a Universidade da Ásia Oriental, além das de Hamburgo, Gotinga e Poitiers”.

Desde Janeiro, é presidente do Conselho Científico da Academia das Ciências de Lisboa, para o biénio 2025-2027.

Doutorado em Literatura Latina, Carlos André tem mais de três dezenas de livros publicados (ensaio, traduções, poesia). Recebeu, em 2006, o Prémio Jacinto do Prado Coelho pelo livro Caminhos do Amor em Roma: Sexo, Amor e Paixão na Poesia Latina do Século I a.C.