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Cave Story: “Continuamos a lutar para viver da forma que nos deixa feliz”

7 abr 2023 15:00

Já se pode escutar o novo disco da banda de Caldas da Rainha, que tem vários concertos agendados nas próximas semanas

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Gonçalo Formiga (à direita na imagem, voz e guitarra da banda de Caldas da Rainha) diz que o novo álbum, Wide Wall, Tree Tall, valoriza a imperfeição e o desejo de criar algo de bonito
Martim Teixeira

Está disponível desde sexta-feira, 31 de Março, o terceiro longa duração dos Cave Story, com o título Wide Wall, Tree Tall. A banda de Caldas da Rainha já tem concertos agendados no Porto (Festival Termómetro, 14 de Abril), em Guimarães (Westway Lab) e Aveiro (GrETUA), ambos a 15 de Abril, e também em Lisboa (B.leza Clube, 18 de Maio). Gonçalo Formiga (voz e guitarra) fala ao JORNAL DE LEIRIA do novo capítulo que se abre.

JORNAL DE LEIRIA - O que há de novo neste terceiro álbum?
Gonçalo Formiga - Primeiro, levou algum tempo a fazer e foi feito de uma forma um pouco diferente, ou seja, os nossos dois discos anteriores foram discos gravados em live take e este foi mais um puzzle, uma construção, há muito mais atenção ao detalhe, mais arranjos, que não são só a banda a tocar numa sala, são outros instrumentos e outras texturas. Depois, também acho que explorámos as canções de forma diferente. 

Significa que pensaram mais sobre os temas? 
Em termos de som, sem dúvida, porque a cada momento em que se está a gravar um instrumento que vai fazer parte daquela música há uma atenção maior, ao invés de quando se está a gravar tudo ao mesmo tempo. O facto de termos tido menos oportunidades de estarmos juntos nos últimos anos também fez com que as músicas tenham vindo a ser construídas assim. O nosso método é aquele que funcionar para chegarmos ao resultado que queremos.

É um trabalho mais amadurecido?
No sentido de tempo, pode ser. Não tenho necessariamente uma sensação de que é mais maduro. A música não é construída de forma tão imediata, mas não quer dizer que num take de um instrumento não seja escolhido aquele que se calhar até tem imperfeições mas funcionou melhor.

As imperfeições não vos incomodam.
Não nos incomodam e muitas vezes até fazem parte daquilo que nos interessa numa música.

E que é?
Tem tudo a ver com uma linguagem. Para nós, muitas vezes, o interesse está mesmo nessa pequena imperfeição ou naquele momento inesperado ou naquele acidente, que, às vezes, são os momentos mais interessantes. E quando nos permitimos a que isso aconteça, e não vetamos essas coisas, criamos uma linguagem, ao longo do tempo.

Tem sido um desafio, manter um percurso na música e nas artes?
É um desafio muito grande, todos os dias. Continuamos a lutar para viver da forma que nos dá gozo e que nos deixa feliz. 

Essa luta está presente neste álbum?
Sim, em particular no primeiro single, "Sing Something For Us Now", falamos dessa necessidade de nos afirmarmos enquanto músicos, artistas e enquanto pessoas que querem criar coisas. Continuamos a valorizar acima de tudo essa curiosidade, essa necessidade de criar e de fazer alguma coisa que possamos partilhar, algo de bonito e de interessante e que consiga inspirar, também, as pessoas. 

São uma banda já com uma identidade definida ou sempre à procura de uma identidade?
Continuamos à procura. Na melhor das hipóteses, poderíamos dizer que a nossa identidade é estar à procura de novas maneiras de criar. 

Com que expectativas é que encaram o momento em que o álbum chega finalmente ao encontro com o público?
Queremos imenso começar a tocar, é um dos nossos maiores desejos começar a apresentar este disco e chegar às pessoas.