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Copos, água e percussão. Drumming GP estreiam em Leiria um novo concerto para celebrar os oceanos
Entrada livre para dois espectáculos inspirados pelos oceanos que decorrem no Teatro Miguel Franco, quinta-feira, em Leiria. Durante a tarde, as famílias são o público alvo. À noite, o Drumming GP interpreta obras de Philip Glass, entre outros compositores
Miquel Bernat domina a percussão como Maria João Pires, por exemplo, domina o piano, comenta Daniel Bernardes, director da Leiria Cidade Criativa da Música, entidade responsável pelo convite ao músico espanhol para protagonizar, com o ensemble Drumming GP, dois concertos que celebram o Dia Mundial dos Oceanos, na quinta-feira, 8 de Junho.
Ao JORNAL DE LEIRIA, Miquel Bernat, director artístico do Drumming GP, explica que além da marimba, da bateria, do vibrafone e de outros instrumentos musicais, serão utilizados objectos domésticos, como louça, copos e garrafas de vidro com água, num programa para quarteto de percussão que é estreado depois de amanhã em Leiria.
O cartaz preparado pela Leiria Cidade Criativa da Música com o Drumming GP contempla dois momentos no Teatro Miguel Franco: às 16 horas, para famílias, “Numa gota, o mar”; e, com início às 21:30 horas, “Aguarte – Mares de Água”, na primeira apresentação ao vivo.
Na música, o elemento água confere “um brilho especial” à interpretação e cria “um ambiente muito específico” durante o espectáculo, considera Miquel Bernat, que vai ser acompanhado em palco por André Dias, João Miguel Braga Simões e Pedro Góis.
“Aguarte – Mares de Água” inclui quatro temas escritos por Philip Glass para o álbum Águas da Amazónia que estruturam todo o alinhamento, que também viaja por obras de Christo Hatzis, António Chagas Rosa, Viet Cuong e Fernando Villanueva.
Em “Water, Wine, Brandy, Brine”, de Viet Cuong, norte-americano de origem vietnamita, o Drumming GP recorre a copos afinados que formam uma escala com diferentes notas.
“Havia uma teoria de que cada tipo de líquido dava uma densidade ao som”, explica Miquel Bernat, mas é “uma diferença microscópica” e “impossível de ouvir” por “um ouvido normal”.
“Vamos fazer uma versão só com água”, adianta.
O programa de “Aguarte – Mares de Água” que Leiria vai receber (com menos dois percussionistas do que o Drumming GP costuma levar a palco) é, “de facto, um espectáculo novo”, salienta Miquel Bernat, em que o ensemble prossegue, com o público, o caminho de exploração e fruição de “novas sensações acústicas”.
“Com a quantidade de água apropriada”, acrescenta o director artístico do colectivo sediado no Porto, determinados objectos do quotidiano podem produzir “um som espectacular” e parecer “um coro de cem pessoas”.
Designado pela assembleia geral das Nações Unidas, o Dia Mundial dos Oceanos é o ponto de partida para os concertos da próxima quinta-feira, 8 de Junho, organizados pela Leiria Cidade Criativa da Música, no contexto da rede Unesco.
Durante a tarde, “Numa gota, o mar” constitui, segundo Daniel Bernardes, um registo “mais didáctico” e “direccionado para a dimensão infantil”, que pretende atrair “a família no seu todo”.
Com “Aguarte – Mares de Água”, agendado para a noite, a Leiria Cidade Criativa da Música associa-se a músicos reconhecidos para apresentar o tema da sustentabilidade.
“É importante para nós, regularmente, trazer a Leiria referências nacionais e internacionais”, argumenta Daniel Bernardes.
A entrada é livre, sujeita à lotação da sala.