Covid-19
Covid-19: 83% dos médicos da região Centro assumem falta de material de protecção
Inquérito promovido pela Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos junto de clínicos dos centros de saúde e hospitais.
Dos 1.003 médicos que responderam a um inquérito promovido pela Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) no âmbito do combate à pandemia, 83% reportaram falta de equipamentos de protecção individual. Mais elevada foi a percentagem de clínicos que referiu a falta de, pelo menos, um tipo de material essencial na luta contra a Covid-19 (88%).
Os resultados do questionário, feito junto de profissionais que trabalham em hospitais e centros de saúde da região Centro, indicam que 62 % dos médicos inquiridos apontam falta de material ao nível do apoio ao exame clínico de urgência. Destes, 30% assumem a carência de termómetro de infra-vermelhos, 19% dizem que não têm oxímetro e 18% afirmam não dispor de estetoscópio.
Sobre os Equipamentos de Protecção Individual (EPI), 44% dos médicos que responderam ao inquérito reportam faltas de máscaras, enquanto 35% reportam falhas de fatos de protecção integral. A escassez de protecção de calçado foi referida também em 35% das respostas registadas, sendo que 31% dos médicos se queixaram de não ter acesso a bata impermeável.
Olhando para os dados desagregados por centro hospitalar, os resultados mostram que no de Leiria se registou a percentagem mais baixa de médicos a reportar escassez de máscaras cirúrgicas (12%). Situação inversa verifica-se com a falhas fatos de protecção integral, com o Centro Hospitalar de Leiria a registar a percentagem mais elevada de médicos a reportarem essa carência (43% dos inquiridos), logo seguido do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (41%) e do Centro Hospitalar da Cova da Beira (32%).
“O resultado evidencia o impacto negativo da falta de organização e gestão do sistema de saúde e traz à luz as dificuldades nos hospitais”, refere um comunicado da SRCOM.
Segundo esta nota, os dados resultados revelam diferenças entre hospitais e centros de saúde. Assim, 36% dos médicos que trabalham nos hospitais reportam falta de fatos de protecção integral, enquanto que 47% dos médicos apontam essa falta nos cuidados de saúde primários. Por outro lado, 31% dos médicos assinalam falta de protecção ocular nos hospitais, sendo que 37% clínicos referem essa falha centros de saúde.
“Através desta iniciativa, pretendemos chamar a atenção das autoridades de saúde e informar a sociedade civil sobre as áreas em que os esforços se devem concentrar (identificando áreas prioritárias)”, alega o presidente da SRCOM.
Para Carlos Cortes, os resultados “indicam algo indesmentível: A Covid-19 veio mostrar as graves carências em todo o Serviço Nacional de Saúde”. Pelo que, “os responsáveis do Ministério da Saúde deverão, face a esta identificação rigorosa, tomar medidas concretas e muito urgentes”.
“Esta falta de material é muito grave, sobretudo no momento em que estamos a retomar a actividade. Deveremos aproveitar esta fase para nos prepararmos para novas vagas da doença da Covid-19”, conclui o dirigente.
Este inquérito foi promovido durante o mês de Abril, tendo sido enviado a 10.094 médicos da região Centro. Foram validadas 1.003 respostas.