Abertura
Covid rouba afectos aos idosos neste Natal
Se muitos idosos já costumam passar o Natal nos lares onde vivem, a maioria tem sempre a visita da família nesta quadra, durante a qual se trocam afectos. O SARS-CoV-2 impede agora o contacto físico tão típico dos portugueses
Muitos utentes dos lares são do tempo em que se namorava à janela e sob supervisão dos pais. Muitas décadas depois, e quando já estão numa idade em que não devem satisfações a ninguém, os nossos seniores vêemse obrigados a trocar afectos à janela, sob o controlo dos responsáveis pelos lares e longe de quem mais amam.
O inimigo SARS-CoV-2 é invisível e não tem hora nem local para atacar. A protecção dos mais vulneráveis é uma prioridade, pelo que os lares proibiram entradas e saídas. “Os idosos que fossem passar o Natal fora teriam depois de cumprir uma quarentena de 14 dias, o que ainda seria pior”, explica Sabrina Aleixo, assistente social do Centro Social Paroquial de Regueira de Pontes.
Ricardo Pocinho, presidente da Mesa da Assembleia Geral da Associação Nacional de Gerontologia Social, lembra que “não mais de 20% dos idosos” passa habitualmente o Natal em casa de familiares, até porque “têm limitações de diversas ordens”. Por isso, este Natal não será muito diferente para a maioria dos utentes de lares.
No entanto, se nos outros anos as famílias puderam visitar os seus entes queridos dando-lhes abraços e beijinhos, este ano os afectos estão proibidos. A proximidade física não existe e muito menos qualquer toque, para que a protecção dos mais vulneráveis seja máxima.
A dona Tita, como é carinhosamente tratada Felisbela Almeida, vai passar o Natal, pela primeira vez, longe dos sobrinhos, que são como filhos para si. Do alto da sua sabedoria de 78 anos de vida assume que está em “paz” e compreende a situação. “Não estou triste. Costumava passar sempre com a família, mas aceito”, refere a idosa que está no Centro Social Paroquial de Regueira de Pontes desde a sua abertura.
A sua irmã, com quem viveu desde sempre, também se encontra num lar em Fátima, e a Covid-19 aumentou a distância entre ambas, já que não a visita desde o início da pandemia. Admite que tem muitas saudades de estar presencialmente com os sobrinhos e ‘derrete-se’ quando o sobrinho-neto de 10 anos lhe diz: ‘Tita, am
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