Desporto
Derby: rivais durante 60 minutos, amigos e irmãos para toda a vida
Em campo todos queriam ganhar, mas passados os 60 minutos as duas equipas rumaram a um restaurante, onde estiveram em cavaqueira. Porque a amizade vale mais do que as rivalidades
Foi este sábado, no pavilhão da Gândara, num sempre apetecível derbyentre as equipas seniores do Atlético Clube da Sismaria e da Juventude Desportiva do Lis, que os irmãos Tiago e André Cotrim, de 30 e 27 anos, se encontraram pela primeira vez como adversários num jogo a doer. Ao contrário do que se costuma dizer nestes casos, no campo conhecem-se e não vale a pena negar nem fingir que assim não é.
Os dois querem ganhar com todas as forças, mas defrontar alguém tão próximo não é o mesmo do que jogar frente a um desconhecido. Oderby começou bem cedo para os irmãos. Tiago acordou com uma mensagem de André. “Estás nervoso?” Não estava. Naquele momento. Os calores chegaram mais tarde, na hora do aquecimento.
Curiosamente, não se cruzaram muitas vezes dentro das quatro linhas. Durante a partida, apenas por uma vez se encontraram em campo. E Tiago, como irmão mais velho, não quis deixar os créditos por mãos alheias. “Lembras-te de te ter pedido desculpa? Fizeste um remate, caíste e ficaste a rebolar. Acho que fui eu que te acertei, mas não tenho a certeza.”
O andebol é assim, cheio de contacto. “Por isso é que me doem as costas”, queixou-se André. Na semana que antecedeu a partida não trocaram informações. “Temos tanta coisa para falar, por que haveríamos de falar do jogo?”, questiona André. “É normal falarmos de andebol, até porque é a nossa paixão, mas não antes deste jogo. Sabemos que não há qualquer hipótese de recolher informações”, salienta Tiago. “Somos amadores, mas temos uma atitude profissional.”
No entanto, ter do outro lado do campo o melhor amigo e companheiro de todas as horas acaba por ser “estranho”. “É muito especial. Estivemos muitos anos juntos no Académico. Ele era do escalão inferior e quando jogávamos juntos o treinador fazia questão de sair eu para entrar ele”, recordou Tiago Cotrim, que era “o ídolo” do mano mais novo.
“Sempre gostei de o ver jogar e queria ser como ele, mas gostava de ter aproveitado a ocasião para lhe 'dar as pancadinhas de amor' que não pude quando era mais novo”, brincou André. Os percursos cedo variaram. A extinção da secção de andebol do Académico de Leiria fez com que tivessem de seguir caminhos diversos e raramente se cruzaram, até ao derby deste sábado.
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