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Documentário de Telmo Soares, de Leiria, premiado no festival IndieLisboa
O filme que acompanha a banda 5ª Punkada, formada na Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra, venceu o prémio Indiemusic na edição 2024 do IndieLisboa
“Desde logo, este filme marcou o júri pela sua estética, pela beleza da filmagem e enquadramentos que revelam maturidade artística atrás da câmara”, pode ler-se na declaração do júri sobre o documentário realizado por Telmo Soares.
“E os outros elementos que nos conquistaram, cruciais para quem faz música, mas que aqui ganham uma outra dimensão: a busca pela liberdade, a força imensurável do espírito humano, vontade de fazer, de criar e de partilhar com outros”, é referido no texto que justifica a atribuição do prémio Indiemusic ao filme Com amor, medo, que acompanha a banda 5ª Punkada, formada na Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra.
“A música como acto incessante de coragem num mundo de obstáculos contínuos, para muitos de nós invisíveis, aparentemente pequenos nadas, mas verdadeiras montanhas árduas e quase impossíveis de transpor. Quase! O filme mostra que com a força do rock, atitude punk e muito amor, tudo é possível”, conclui o júri da edição 2024 do festival IndieLisboa.
Além de integrar o colectivo de produção e criação audiovisual Casota Collective, Telmo Soares, natural de Leiria, é também guitarrista dos First Breath After Coma, banda editada pela Omnichord, que também editou o primeiro álbum dos 5ª Punkada.
Com amor, medo, que ao longo de 23 minutos segue Fátima Pinto, Jorge Maleiro, Miguel Duarte e Fausto Sousa na digressão de 2023 através da República Checa, Hungria, Eslovénia e Luxemburgo, estreou em Janeiro deste ano no Teatro José Lúcio da Silva.
“São músicos extremamente destemidos e amam o que fazem”, prontos para “mudar o mundo à sua maneira”, disse Telmo Soares ao JORNAL DE LEIRIA, em Janeiro, antes da estreia do documentário. Oferecem “um exemplo de perseverança para outros artistas com deficiência e uma chapada de luva branca para aqueles que insistem em criar barreiras e entraves à sua participação nas artes”.
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“A partir do momento em que a banda tem elementos com dificuldades de mobilidade, este desafio ganha uma dimensão colossal. Todas as logísticas de deslocações, estadias, refeições, espaços de concertos, tornam-se obstáculos ainda maiores que o habitual. É preciso muita habilidade de quem faz a produção e muita coragem e persistência por parte dos músicos. E nesse aspecto os 5ª Punkada foram incansáveis”, fez notar o realizador, assumindo que o filme procura, antes de tudo o resto, “perceber o que é ser um artista com deficiência”.