Sociedade

Exploração de caulino nas Colmeias: “isto é o início de uma batalha muito longa”

6 set 2023 09:43

Se o Cabeço Redondo for concessionado à ADM, serão afectadas casas, centenas de pessoas, escolas, jardins-de-infância, um lar de idosos e a ribeira de Agodim

Junta de freguesia questiona a necessidade de mais uma exploração quando ainda estão várias a produzir
Junta de freguesia questiona a necessidade de mais uma exploração quando ainda estão várias a produzir
Fotografias: Jacinto Silva Duro
Junta de freguesia questiona a necessidade de mais uma exploração quando ainda estão várias a produzir
Junta de freguesia questiona a necessidade de mais uma exploração quando ainda estão várias a produzir
Fotografias: Jacinto Silva Duro
Junta de freguesia questiona a necessidade de mais uma exploração quando ainda estão várias a produzir
Junta de freguesia questiona a necessidade de mais uma exploração quando ainda estão várias a produzir
Fotografias: Jacinto Silva Duro
Junta de freguesia questiona a necessidade de mais uma exploração quando ainda estão várias a produzir
Junta de freguesia questiona a necessidade de mais uma exploração quando ainda estão várias a produzir
Fotografias: Jacinto Silva Duro
Junta de freguesia questiona a necessidade de mais uma exploração quando ainda estão várias a produzir
Junta de freguesia questiona a necessidade de mais uma exploração quando ainda estão várias a produzir
Fotografias: Jacinto Silva Duro
Junta de freguesia questiona a necessidade de mais uma exploração quando ainda estão várias a produzir
Junta de freguesia questiona a necessidade de mais uma exploração quando ainda estão várias a produzir
Fotografias: Jacinto Silva Duro
Junta ilustrou protesto com explorações abandonadas na freguesia por empresas que não cumprem regras de reposição
Junta ilustrou protesto com explorações abandonadas na freguesia por empresas que não cumprem regras de reposição
Fotografias: DR
Junta ilustrou protesto com explorações abandonadas na freguesia por empresas que não cumprem regras de reposição
Junta ilustrou protesto com explorações abandonadas na freguesia por empresas que não cumprem regras de reposição
Fotografias: DR
Junta ilustrou protesto com explorações abandonadas na freguesia por empresas que não cumprem regras de reposição
Junta ilustrou protesto com explorações abandonadas na freguesia por empresas que não cumprem regras de reposição
Fotografias: DR
Caminhada passou por exemplares de sobreiros e de carvalhos de grande porte que o ICNF não conseguiu ver no seu relatório
Caminhada passou por exemplares de sobreiros e de carvalhos de grande porte que o ICNF não conseguiu ver no seu relatório
Fotografia: Jacinto Silva Duro
Jacinto Silva Duro

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Cerca de 200 moradores nas freguesias de Colmeias, Memória e Boa Vista participaram no sábado numa caminhada contra a intenção da empresa ADM de fazer prospecção de caulino na União de Freguesias de Colmeias e Memória, junto às localidades de Agodim, Talos e Vale de Água.

Antes do início do percurso e falando como porta-voz da população, o presidente da união de freguesias, Artur Santos, prometeu acções “mais musculadas”, caso as entidades com a tutela dos recursos minerais nada fizerem.

“Isto é o início de uma batalha muito longa. Não pensem que se irá resolver com meia-dúzia de acções. Daqui a 30 anos, quando tiverem explorado o que já estão a explorar, podem vir, mas, por agora, deixem-nos em paz”, frisou, insurgindo-se sobre os estudos preliminares que se focaram na existência de espécies animais, mas que ignoraram completamente o impacto nas pessoas e nas comunidades que rodeiam a zona intervencionada, cuja área é equivalente a 90 campos de futebol.

Caso a zona do Cabeço Redondo seja concessionada, prevêem os promotores do protesto, serão afectadas casas, centenas de pessoas, escolas, jardins-de-infância, um lar de idosos e a ribeira de Agodim (ribeira dos Milagres).

 A União de Freguesias das Colmeias e Memória vai pedir ao presidente da Câmara, Gonçalo Lopes, para que convide os responsáveis da Direcção-Geral de Energia e Geologia para uma “conversa séria”, para que “tenham a noção” que, só na freguesia das Colmeias, desde 2012, foram aprovados mais de 450 hectares para exploração ou mais de 450 campos de futebol.

“Pelo histórico que temos, as empresas retiram o lucro, fazem os buracos, mas depois, vão à falência e ninguém tapa ou recupera nada.”

Segundo fonte da autarquia, caso haja uma concessão de exploração - o passo seguinte do processo -, o valor dos terrenos dos privados será ficado pelo Estado, sem negociação.

Caso os proprietários recusem o valor, o processo segue para expropriação.

No dia 11 de Setembro, termina o período de consulta na plataforma Participa, onde se refere que a prospecção tocará também território da freguesia vizinha da Boa Vista.

A ADM é actualmente detida por um fundo de investimento estrangeiro, a Oxy Capital, que, em 2017, afastou o sócio Carlos Mota, filho do fundador da empresa.

“A água é um recurso que ganhará ainda mais importância no futuro”, disse Artur Santos, recordando que a empresa tem muita força porque a zona do Cabeço Redondo está, na Carta Geológica de Portugal, reservada para a exploração de inertes.

“Tenham em consideração que, em tudo aquilo em que as empresas de exploração se comprometeram falharam: reflorestação, reparação de vias ou criação de barreiras para impedir a passagem de pó. Veja-se como está a zona do Barracão, Bouça, Estrada da Bouça, Igreja Velha e Outeiro do Crasto!”

Se não conseguir atingir os seus objectivos, o presidente da união de freguesias põe em cima da mesa a possibilidade de se demitir do cargo.

“Não posso admitir que as pessoas e as entidades gozem comigo. Ou estamos todos unidos em prol desta causa e, aí, garanto que venceremos, ou não estou aqui a fazer nada!”

Foi ainda reforçada a urgência de subscrever os dois abaixos-assinados que estão a correr neste momento, o primeiro contra a prospecção e outro a pedir a criação de vias alternativas para retirar o transito de veículos pesados e máquinas de grande porte das estradas municipais da freguesia.

Um pedido que a Junta de Freguesia está a fazer desde 2010, sem qualquer resposta.

“Temos lutado e já apresentámos projectos para as criar. Temos sido, completamente, ignorados”, afirmou Artur Santos.