Sociedade

Futuro aeroporto em Alcochete frustrou expectativas da região de Leiria

11 set 2024 18:18

Presidente da Comunidade Intermunicipal disse na Assembleia da República que a opção por Alcochete levanta limitações económicas, financeiras e de mobilidade a toda a região Centro

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Redacção/Agência Lusa

O presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL) disse esta quarta-feira, 11 de Setembro, que a escolha de Alcochete para localização do futuro aeroporto internacional do País defraudou a expectativa criada e garantiu que existiam alternativas que iriam multiplicar o desenvolvimento.

“A expectativa criada com a construção deste aeroporto ao longo destas décadas foi, de certa maneira, defraudada com a decisão de construção em Alcochete, sabendo que existiam alternativas que, no nosso entender, iriam provocar um desenvolvimento multiplicador não só do País, mas em especial da região Centro”, afirmou Gonçalo Lopes.

Gonçalo Lopes, também presidente da Câmara de Leiria, falava na Comissão Parlamentar de Economia, Obras Públicas e Habitação, na audiência sobre “Aeroporto Internacional de Lisboa em Alcochete e Isenção de Portagens nas SCUT – impactos para a Região Centro de Portugal”.

Antes, o autarca socialista lembrou que a CIMRL e outras comunidades intermunicipais na região Centro defenderam que a localização do futuro aeroporto “deveria ser analisada como infra-estrutura que permitiria uma visão integral do País” e deveria ser a norte do rio Tejo, onde vive a “esmagadora maioria dos portugueses”.

Por outro lado, Gonçalo Lopes notou que se a opção fosse na região Centro iria preencher “um vazio” dada a “inexistência de uma estrutura portuária” nesta região.

Aos deputados, o autarca sustentou que a opção por Alcochete representa “um conjunto de limitações económicas, financeiras, de mobilidade para a população” que vive na região de Leiria e no Centro do País, exemplificando com o aumento do custo e da distância à futura infra-estrutura aeroportuária.

Nesse sentido, defendeu a “necessidade de reforçar as preocupações na área da acessibilidade na região de Leiria”, notando que algumas das propostas a ser elencadas, embora já garantidas, precisam de rapidez na execução.

Nessas propostas, o 1.º secretário executivo da CIMRL, Paulo Batista Santos, referiu, por exemplo, a antecipação da segunda fase do comboio de alta velocidade, que inclui uma estação em Leiria, a conclusão do Itinerário Complementar (IC) 8, um centro logístico regional e a isenção de portagens nas variantes da Batalha e de Leiria e na ligação desta cidade à Marinha Grande na Autoestrada 8.

Segundo Paulo Batista Santos, “estas medidas não são nenhuma compensação” para a região, mas a possibilidade de se manter competitiva, ter desenvolvimento sustentável e possa “continuar a conhecer aquilo que o resto do País também conhece ao nível de investimentos”.

Gonçalo Lopes salientou ainda que foi eliminada a compensação nestes investimentos, pretendendo que esta proposta “seja mobilizadora”.
“Chamamos a esta intenção aceleração do investimento, de modo a criar um equilíbrio” perante “uma injustiça acumulada ao longo de anos”, explicou, desafiando os deputados a questionar investimentos noutras cidades e por que razão “em Leiria não se investe nada em mobilidade”.

“Não temos direito às mesmas oportunidades de desenvolvimento? Só contribuímos para o PIB [Produto Interno Bruto]?”, perguntou, frisando: “Isto não é compensação, isto é pedir justiça”.

O presidente da Câmara da Marinha Grande, Aurélio Ferreira (independente), realçou a capacidade exportadora do concelho, para lembrar as limitações na ferrovia (que não tem) e na rodovia, com, “essencialmente, uma ligação”, a Estrada Nacional 242 para Leiria.

“Para fazer nove quilómetros demoramos mais tempo do que na A5 [autoestrada que liga Lisboa a Cascais]”, assinalou Aurélio Ferreira, pedindo aos parlamentares que “olhassem com atenção para esta situação”.

Em Junho de 2023, a CIMRL defendeu a opção Santarém para a localização do futuro aeroporto internacional de Lisboa, considerando que esta era a proposta “mais robusta”.

Em Maio, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou que o Governo aprovou a construção do novo aeroporto internacional do País no Campo de Tiro de Alcochete, com a denominação Aeroporto Luís de Camões, com vista à substituição integral do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.

No mesmo mês, o presidente da CIMRL defendeu “medidas de compensação” face à escolha de Alcochete, decisão que “prejudica bastante” este território.

A CIMRL integra os municípios de Alvaiázere, Ansião, Batalha, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Leiria, Marinha Grande, Pedrógão Grande, Pombal e Porto de Mós.