Desporto
Hélio Vieira, o grande culpado de termos um Patrício na baliza
O miúdo sentiu-se injustiçado e teve de arranjar um colega de equipa para ocupar o lugar entre os postes. Rui Patrício, que jogava à frente e se cansava depressa, aceitou a troca com todo o gosto.
Um dia, o pequeno Hélio, também conhecido por 'cu de chumbo', fartou-se. Uns tempos antes tinha conquistado o prémio de melhor guarda-redes numa prova em Pataias e agora, num torneio em que jogava em casa, no Parque de Jogos do Leiria e Marrazes, queria repetir o galardão. Azar dos azares, no dia da competição, adormeceu.
“Um dirigente disse-me que por ter chegado atrasado à concentração já não ia ganhar o prémio, que seria o guarda-redes do União de Coimbra a vencer.”
O miúdo não teria mais de dez anos, mas a “irreverência” falou alto. As coisas não podiam ficar assim.
“Disse que se ele não fosse melhor do que eu não voltava à baliza e assim foi. Terminámos o torneio, ambos sem golos sofridos, mas quem ganhou o prémio foi o guarda-redes do União de Coimbra. Caiu-me mal, porque senti que era melhor do que ele.”
Já passaram quase duas décadas sobre este episódio no velhinho campo do Leiria e Marrazes, hoje votado ao abandono. Na altura, o treinador João Rocha não quis que Hélio Vieira deixasse as luvas em casa e rejeitasse a baliza da equipa de futebol de sete, mas uma “feliz coincidência” acabou por resolver a situação a contento do miúdo, mas também de outro menino da equipa.
O guardião demissionário lá convenceu um colega mais novo a ocupar a vaga entre os postes. Um era das Chãs, o outro da Matoeira. “Houve um dia em que chegámos ao treino e disse ao João Rocha que tinha arranjado um substituto. O Rui vai à baliza!”
O Rui é… Rui Patrício. “Foi tranquilo, porque ele também estava descontente”, recorda Hélio Vieira, hoje com 29 anos. “Cansava-se muito, jogava pouco e começou a desmoralizar. Foi fácil convencê-lo.” O treinador “não achou grande piada”, mas deixou-os experimentar. E assim começou a carreira do dono da baliza da selecção nacional.
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