Sociedade

Joana Benzinho: "As pessoas com que me cruzei a sair do metro fugiam da explosão"

22 mar 2016 00:00

A funcionária do Parlamento Europeu, natural de Pombal, seguia a pé junto à estação de Maelbeek à hora do atentado e descreve uma cidade paralisada pelo medo.

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Joana Benzinho, 39 anos, natural de Pombal, vive a 200 metros da estação de metropolitano em Maelbeek e ouviu a explosão quando se dirigia a pé para o trabalho. "Instalou-se o caos", contou ao Jornal de Leiria. "As pessoas estavam naturalmente com um ar perdido e medo. Já era conhecida a explosão no aeroporto e já se falava em 13 mortos. Os telefones ficaram com as redes congestionadas, o que piorou o estado de ansiedade. As pessoas com quem me cruzei a sair do metro não estavam feridas, fugiam da explosão. O espaço foi imediatamente selado, até porque o policiamento na zona é forte e os polícias acorreram imediatamente". 

A estação de Maelbeek fica no bairro das instituições e a explosão ocorreu à hora de ponta da chegada dos funcionários ao Parlamento, Comissão e Conselho (na fotografia, retirada do Twitter, uma pessoa ferida recebe ajuda). É o coração da cidade e da União Europeia. Como de costume, pela manhã, Joana Benzinho seguia para o Parlamento Europeu, onde é assessora do deputado Carlos Zorrinho, presidente da delegação socialista portuguesa. Voltou de imediato para casa e em três minutos estava agarrada à internet a comunicar com familiares e amigos, alguns deles em Portugal e outros que se encontravam no aeroporto à espera de viajar para o país de origem, aproveitando os dias de férias na Páscoa. 

"As autoridades belgas aconselham a que fiquemos ou nos locais de trabalho ou em casa. Pararam metro, autocarros, comboios, espaço aéreo fechado. A cidade está parada", descreve Joana Benzinho, que reside em Bruxelas há 17 anos e assistiu da primeira fila às mudanças provocadas pelo 11 de Setembro. Os atentados desta terça-feira, 22 de Março, não a surpreenderam. "Vivi de perto a mudança de hábitos e de segurança nas instituições. Confesso que todos esperávamos algo do género apenas não sabíamos quando. Depois do atentado de Paris passámos a viver na espera do terror", explica, enquanto se mantém ligada na televisão belga, aguardando novas informações.