Sociedade

Jorge Vala: Parte dos fundos da Câmara foi consumida em obras eleitorais

11 jan 2018 00:00

Quase três meses após tomar posse, presidente da Câmara de Porto de Mós, eleito pelo PSD, diz ter encontrado “alguns processos complicados”, herdados da gestão do PS.

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Maria Anabela Silva

A radiografia que fez ao município nestes quase três meses de mandato mudou as prioridades que tinha traçado?

De uma forma geral, as prioridades mantiveram-se. O plano de actividades e orçamento, aprovados recentemente, indiciam isso mesmo, com uma aposta forte no turismo e na cultura. Criámos ainda espaço para, ao longo de 2018, elaborar um conjunto de projectos a pensar em candidaturas com o propósito de avançarmos com obras que têm vindo a ser adiadas.

Como por exemplo?

Falo da Casa dos Calados, no Juncal, e da aquisição do campo da Fiandeira, em Mira de Aire, que queremos transformar em parque verde e de lazer, devolvendo o espaço à comunidade. Vamos avançar também com o projecto para a recuperação da antiga cadeia de Porto de Mós e da antiga cantina. Neste último caso, o objectivo é reconverter o edifício em Loja do Cidadão, para garantirmos o futuro dos serviços descentralizados do Estado na vila. Ainda este mês deveremos receber representantes da AMA [Agência para a Modernização Administrativa], para uma visita ao local.

Na nota introdutória ao Orçamento para 2018 diz que no último ano do mandato houve alcatroamentos não previstos “na ordem de um milhão de euros”, que têm “desviado fundos de rubricas essenciais ao desenvolvimento” do concelho. Essa situação condicionou a elaboração do orçamento?

As pavimentações nem tanto, porque nos íamos apercebendo dos alcatroamentos e sabíamos que tinham de ser pagos. Mas encontrámos alguns processos complicados e tivemos surpresas, como a não aquisição do campo da Fiandeira, que, em campanha, foi anunciada como consumada e paga. Também não sabíamos que a aprovação da candidatura para a ampliação da zona industrial de Porto de Mós está condicionada a avaliação de impacto ambiental, cujo processo estamos agora a iniciar e que irá atrasar todo o dossier. O que condicionou a nossa estratégia foi a obra da central termoeléctrica, cujo contrato foi resolvido pela Câmara devido a incumprimento do empreiteiro. Estamos a reprogramar a candidatura, o que irá atrasar a conclusão da obra em cerca de um ano. Esperamos lançar o novo concurso ainda este mês e a nossa expectativa é que, ganhando uma empresa diligente, consigamos recuperar algum tempo. Para nós, seria útil que a obra estivesse a seguir o seu curso normal, para a concluirmos e avançarmos depois para outras.

O atraso implicará perda de financiamento?

Não, de todo.

O PSD foi muito crítico em relação ao projecto da central termoeléctrica. Há margem de manobra para o alterar, nomeadamente, ao nível da ocupação espaços?

A ocupação nunca foi muito estudada pelo anterior executivo. Temos consciência de que a central será sempre uma boa porta de entrada em Porto de Mós para várias iniciativas e projectos que pretendemos desenvolver. Refiro-me, por exemplo, às rotas do carso, ao ciclo do carvão e actividades que devem ter associado um centro interpretativo. E a central é o local por excelência para o desenvolver. Porto de Mós foi a primeira povoação do País a produzir energia eléctrica a partir do carvão e foi ali naquele local. É por isso que faz todo o sentido recuperar a central, pela história e memória que tem associadas.

Como está a situação financeira do município?

É uma situação financeira confortável. O município tem dívida, mas é uma dívida a longo prazo, perfeitamente controlável e que rondará 10% do orçamento, ou seja, cerca de dois milhões de euros.

Situação diferente daquela que o PS diz ter recebido há 12 anos.

O PS não herdou uma Câmara em risco de falência ou numa situação fi-nanceira complicada e isso provou-se. Se a situação fosse de pré-insolvência, como o anunciado, o executivo não tinha começado logo, e bem, a fazer obra. Conhecia a situação financeira actual da Câmara. Sabia que uma parte dos fundos estava a ser consumida pelas ditas obras eleitorais, mas não quero entrar por aí

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