Sociedade

Lar da Misericórdia de Leiria fecha funcionários e utentes para proteger idosos

23 mar 2020 18:30

Durante sete dias, 45 funcionários ficarão a viver no lar com os 105 utentes. “Estamos debaixo de um estado de emergência e a enfrentar uma situação que é de vida ou de morte.”

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A medida tem em conta uma população de “muito alto risco”.
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Os funcionários e os utentes do lar Nossa Senhora da Encarnação da Santa Casa da Misericórdia de Leiria vão ficar fechados dentro da instituição como forma de proteger os idosos de um possível contágio pelo novo coronavírus.

O provedor da Misericórdia, Carlos Poço, explica ao JORNAL DE LEIRIA que a medida tem em conta uma população de “muito alto risco”.

“Não ficaríamos bem com a nossa consciência se não fizéssemos tudo o que está ao nosso alcance para diminuir ao máximo o risco. Determinámos que um grupo de funcionários fica sete dias na instituição, enquanto o outro grupo ficará em casa em quarentena profiláctica, mas não pode mesmo sair de casa. Os funcionários assinaram um termo de responsabilidade. Só assim poderemos proteger um grupo que não é de risco, mas de altíssimo risco”, sublinha Carlos Poço.

Durante sete dias, 45 funcionários ficarão a viver no lar com os 105 utentes. “Estamos debaixo de um estado de emergência e a enfrentar uma situação que é de vida ou de morte.”

Este plano de quarentena profiláctico, que está integrado no plano de contingência do lar, vai obrigar a que os funcionários trabalhem diariamente os 7 dias da semana. Depois descansarão os outros sete, quando o outro grupo os substituir.

“Esta medida vai funcionar o tempo que for necessário”, avisa o provedor.

Admitindo que esta “não é uma situação agradável para ninguém”, Carlos Poço afirma que a maioria dos funcionários é sensível a estas questões e não levantou objecções, salvo algumas excepções, que estão a ser tratadas.

Todos vão dormir no lar, pelo que a Santa Casa da Misericórdia de Leiria teve de encontrar camas para os funcionários. “Tivemos a colaboração do seminário, que nos cedeu algumas camas. Tentámos dar as mínimas condições. Sabemos que não têm todo o conforto, mas este é um tempo difícil, em que todos temos de colaborar. Estamos mesmo a falar de casos de vida ou de morte”, reforça Carlos Poço. A Santa Casa da Misericórdia de Leiria está também a estudar medidas mais restritivas para adoptar na Residencial XXI.