Sociedade

Mariana Violante: "Seja uma viagem, num livro ou no mundo real, o que me move é o conhecimento"

12 mar 2017 00:00

Direitos humanos, carrinhas pão de forma, agricultura biológica e livros na Impressão Digital desta semana.

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É daquelas pessoas que tem o dom da palavra?
Sou boa de conversa. Passo muito tempo a pensar sobre o que leio e, portanto, depois também preciso muito de falar. Quando digo pensar, quero dizer pensar em modo obsessivo, aluado, alucinado. Quando digo falar, digo discutir, questionar, argumentar e, fundamentalmente, gritar. Geralmente quem sofre com isso é o meu pai, mas está tudo bem, porque é dele que eu herdo este não-dom.

Quando entra em modo debate joga ao ataque ou à defesa?
Jogo em todas as frentes e com todas as armas que tenho. Venho de uma família onde desde miúda me lembro de assistir a discussões de Natal épicas entre tios, irmãos e primos sobre tudo e mais alguma coisa, cada um a falar mais alto do que o outro. Futebol, política e religião eram os temas predilectos e sempre ouvi de tudo. Lá em casa dizemos que resolvemos todos os problemas do mundo no Natal. 

Ser activista significa impor aos outros a nossa visão da vida?
Ser activista significa não poder ficar parada enquanto o mundo parece desmoronar-se à minha volta. Não creio que possa impor essa forma de estar na vida, mas definitivamente que um dos meus principais objectivos enquanto activista é convencer as pessoas de que é preciso fazer coisas e tomar atitudes.

A missão de construir um planeta melhor é compatível com o regime de voluntariado?
Se não tivermos uma sociedade civil forte, participativa, informada, exigente, crítica, inteligente, não haverá profissionais que nos salvem. Ser voluntário é aceitar que todos temos alguma responsabilidade no estado das coisas. É claro que eu não vou salvar o mundo com as minhas reuniões da sábado à tarde da Amnistia em Leiria, mas está ao alcance de todos nós sermos cidadãos participativos com impacto. 

Quando está nas aulas de Arte e Cidadania, no primeiro ciclo, aproveita para doutrinar os alunos?
Tento com tudo o que posso que as crianças que ensino saibam o que é fazer arte e ver arte, ver o outro e compreendê-lo. Desde respeitarem as regras da sala até a descobrirem cheios de espanto que podem exigir os seus direitos - inclusivamente o de brincar! - as crianças estão sempre a ser doutrinadas para os Direitos Humanos comigo!

Que comentário mais a surpreendeu até à data? 
Uma vez estava a fazer origamis para os meus alunos e perguntei a um deles o que é que ele desejava, ao que ele respondeu, muito naturalmente, “olha, quero ter asas!!”. Querer ter tudo, o impossível! Que maravilha! 

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