Sociedade
Mercado da Marinha Grande vai ser instalado no Parque Municipal de Exposições
Autoridade de Saúde não autorizou reabertura do espaço, que funciona numa tenda provisoriamente há cerca de 12 anos.
A autoridade de saúde da Marinha Grande deu parecer desfavorável à reabertura do mercado da cidade, o que levou a Câmara a procurar alternativa, indo agora adaptar o Parque Municipal de Exposições para o efeito.
Cidália Ferreira, presidente do Município, explica que depois de ter informado a delegada de Saúde local da intenção de reabrir os três mercados do concelho, foi-lhe solicitado que cumprisse várias exigências na infra-esrutura da cidade.
“Poderíamos ter no local a venda de todos os produtos, à excepção da carne e do peixe. Garantimos que estariam cumprido o distanciamento entre as bancas e todos os requisitos que a própria Direcção-Geral da Saúde recomenda. Cumprindo tudo, não imaginaríamos que a delegada não permitisse a abertura do espaço”, justifica a autarca.
Para assegurar que os comerciantes possam continuar a vender e a população a ter os produtos locais, a Câmara vai instalar o mercado, provisoriamente, no pavilhão do Parque Municipal de Exposições, mantendo-se a proibição, para já, da venda de peixe e carne.
“Estamos a criar todas as condições para que seja possível abrir o mercado no mais curto espaço de tempo. Não posso adiantar uma data, uma vez que estamos dependentes do fornecimento de bancas e outros equipamentos, que já contratámos”, informa Cidália Ferreira.
A delegada de Saúde, Clarisse Bento, esclarece que o mercado actual está “provisório há, cerca de 12 anos, em tendas”.
“Se já não tinha as mínimas condições, perante uma situação de calamidade e com tudo rigorosamente igual, não se pode autorizar a sua reabertura. Avisámos que seriam necessários planos de contingência e um reforço da higienização. Numa tenda, não é possível garantir uma higienização correcta, nem uma ventilação natural. Tratando-se de uma lona há condensação e nos dias de calor é uma autêntica sauna”, justifica Clarisse Bento.
A delegada de Saúde lembra ainda que, nos últimos anos, tem alertado a autarquia para a falta de condições do mercado e, “em Setembro, reforçou-se a necessidade de ser substituído”.
Cidália Ferreira confirma que tem dialogado com a delegada de Saúde e que tem procurado encontrar uma solução, que esbarra na oposição da Câmara.
“Não tendo a maioria, cada um defende uma ideia e não se consegue fazer nada.”
“Tínhamos a possibilidade de adquirir uma parte do terreno onde está agora instalado provisoriamente [zona desportiva], mas a vereadora do MpM [Movimento pela Marinha] opôs-se. Fizemos uma auscultação à população, que indicou os estaleiros da Câmara como o melhor local. Por nós, poderia ter avançado. Ficava no centro da cidade e iria dinamizar a zona. Mas também não tivemos aprovação da oposição”, lamenta Cidália Ferreira.
Carta aberta à ministra da Saúde
O vereador do MpM, Aurélio Ferreira, enviou, entretanto, uma carta aberta à ministra da Saúde, Marta Temido, a convidá-la a visitar o “mercado das tendas”, que considera que “não tem, nem nunca teve, condições de higiene e salubridade, e a ausência de manutenção por parte da Câmara Municipal durante estes 12 anos agravou o problema”.
“Para que possa certificar-se in loco, convidamos a senhora ministra a visitá-lo, e, se for esse o entendimento de sua excelência, proceder à sua reabertura”, refere o documento, que defende a posição tomada pela delegada de Saúde.
Segundo Aurélio Ferreira, as instalações do espaço comprometem o “controlo de pragas, a limpeza e desinfeção”, há “ausência de climatização (chove no interior no inverno e no verão ressoa, pingando no espaço), as bancadas de venda estão muitíssimo degradadas e de materiais dificilmente higienizáveis (madeira)” e as casas-de-banho não têm “limpeza e higienização”.
O executivo da Câmara da Marinha Grande é constituído por três vereadores do PS, dois do MpM e dois da CDU.